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Como sobreviver sem amor à camisola

Texto escrito nos termos do novo acordo ortográfico.
Categoria: Música
Como sobreviver sem amor à camisola

Encontrei-os no campo, o sol já ia alto e a sedução limitava-se a ver a filha a subir pelo telhado, lá ao longe, dentro do seu vestido florido, pernas bonitas como as meninas das novelas brasileiras.

Enquanto isso lá andavam eles, de trigo em punhos de latão e o calor os aquecia, sem que o desejo de abandonar as vistas deslumbrantes fosse um dado que lhes melhorasse a produtividade.

O capataz era áspero, desconfiava-se que andava com a mulher do patrão, enquanto o chefe andava a lutar pela vida, nas bolsas dos outros, mercado abaixo, capital na conta bancária acima.




Havia que celebrar aquelas vistas todas: o trigo, a filha do patrão a subir ao telhado e o capataz a rir-se entre-dentes do que eles tinham e do que ele desfrutava.

A mulher do patrão não morria de amores pela camisola, sobrevivia facilmente com o decote provocante, os dinheiros abundantes e o capataz dotado de alegrias que o chefe não lhe conseguia dar.

Afinal a fama tinha a sua razão de ser mas o chefe que sempre estava fora, de nome Alicate e sempre a apertar as dentaduras de raiva pela traição, ah pois, não dormia, tinha por lá umas câmaras num esconderijo, produto de tecnologias avançadissimas, nanotecnologia diziam as gentes, que até permitiam saber se o filho que a patroa carregava no ventre era dele ou não.

E claro que com tanto desapego, qual Sodoma e Gomorra, num quintal de poucos hectares tinha de dar mau resultado.

E nós lá no campo, no preciso dia do reencontro, com fatas morganas incessantes e o trigo a queimar-se do Sol ardente fomos os primeiros a pagar, com taxas de juro para lá do mercado com brutos capitais enviados pelo patrão, nanotecnologia por cada orifício. Então deu-se um eclipse fatal.

Fomos parar a um sítio branco, onde cantavam e saltavam de alegria com sintetizadores e calores inusitados. Perguntaram pelas camisolas, pela catraia que seria a herdeira, pela patroa que era boa, pelo capataz que as fazia delirar às duas, pelo chefe nano-inteligente que mordia sempre a língua de raiva.

Como não sabíamos a resposta, nem nunca havíamos corrido por amor à camisola, tiraram-nos o trigo da mão e substituíram-no por betão, as fatas morganas da visão e substituíram-nas por chefes intragáveis.


António Borges

Título: Como sobreviver sem amor à camisola

Autor: António Borges (todos os textos)

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Autobiografia de Alice B. Toklas, de Gertrude Stein, pela primeira vez em Portugal

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Texto escrito nos termos do novo acordo ortográfico.
Tema: Literatura
Autobiografia de Alice B. Toklas, de Gertrude Stein, pela primeira vez em Portugal\"Rua
Gertrude Stein foi uma escritora de peças de teatro, de peças de opera, de ficção, de biografia e de poesia, nascida nos Estados Unidos da América, e escreveu a Autobiografia de Alice B. Toklas, vestindo a pele, e ouvindo pela viva voz da sua companheira de 25 anos de vida, os relatos da historia de ambas, numa escrita acessível, apresentando situações caricatas ou indiscretas de grandes vultos da arte e da escrita da sua época. Alice B. Toklas foi também escritora, apesar de ter vivido sempre um pouco na sombra de Stein. Apesar de ambas terem crescido na Califórnia, apenas se conheceram em Paris, em 1907.


Naquela altura, Gertrude vivia há quatro anos com o seu irmão, o artista Leo Stein, no numero 27 da rue de Fleurus, num apartamento que se tinha transformado num salão de arte, recebendo exposições de arte moderna, e divulgando artistas que viriam a tornar-se muito famosos. Nestes anos iniciais em Paris, Stein estava a escrever o seu mais importante trabalho de início de carreira, Three Lives (1905).


Quando Gertrude e Alice se conheceram, a sua conexão foi imediata, e rapidamente Alice foi viver com Gertrude, tornando-se sua parceira de escrita e de vida. A casa, como se referiu atrás, tornou-se um local de reunião para escritores e artistas da vanguarda da época. Stein ajudou a lançar as carreiras de Matisse, e Picasso, entre outros, e passou a ser uma espécie de teórica de arte, aquela que descrevia os trabalhos destes artistas. No entanto, a maior parte das críticas que Stein recebia, acusavam-na de utilizar uma escrita demasiado densa e difícil, pelo que apenas em 1933, com a publicação da Autobiografia de Alice B. Toklas, é que o trabalho de Gertrude Stein se tornou de facto reconhecido e elogiado.


Alice foi o apoio de Gertrude, foi a dona de casa, a cozinheira, grande cozinheira aliás, vindo mais tarde a publicar algumas das suas receitas, e aquela que redigia e corrigia o que Gertrude lhe ditava. Assim, Toklas fundou uma pequena editora, a Plain Editions, onde publicava o trabalho de Gertrude. Aliás, é reconhecido nesta Autobiografia, que o papel de Gertrude, no casal, era o de marido, escrevendo e discutindo arte com os homens, enquanto Alice se ocupava da casa e da cozinha, e de conversar sobre chapéus e roupas com as mulheres dos artistas que visitavam a casa. Depois da morte de Gertrude, Alice continuou a promover o trabalho da sua companheira, bem como alguns trabalhos seus, de culinária, e um de memórias da vida que ambas partilharam.


Assim, este livro que inspirou o filme “Meia noite em Paris”, de Woody Allen, é um livro a não perder, já nas livrarias em Portugal, pela editora Ponto de Fuga.

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Liliana Félix Leite

Título:Autobiografia de Alice B. Toklas, de Gertrude Stein, pela primeira vez em Portugal

Autor:Liliana Félix Leite(todos os textos)

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