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Como adormecer em paz

Texto escrito nos termos do novo acordo ortográfico.
Categoria: Música
Comentários: 2
Como adormecer em paz

Vale sempre a pena medir a distância que vai da alma aos tons desafinados, os que perturbam as audições finas e petulantes, aborrecidas. Apenas pensava que o pudesse fazer sozinho, no meio de uma qualquer normalidade que não me sujasse da excitação, coisa que havia deixado esquecido nas memórias bem antigas, como uma desintoxicação em que nunca te esqueces do sabor inicial do que, depois, te levou ao descalabro.

O violino e o saxofone, umas quantas cervejas da abadia velha e aparentemente votada ao desprezo do clero, é tudo quanto basta para te podermos escutar. Claro que teremos que conferir se a alma ainda pesa vinte e uma gramas e se chegaste à conclusão que a tua mãe tem sempre razão, os amigos são aquilo que tens nas épocas de roubo descarado, à tua alma, mas sobretudo à tua vontade de fazer parte do sistema, devidamente abonado e acompanhado pela outra parte do coração quase esgotado.




E assim se passou o concerto, a guitarra entrou a rasgar pela avenida curta do palco e as portas desconjuntaram-se, lá ficamos sem coração e a morte nunca foi sítio que desse tesão. Ainda assim a mulata bateu palmas e o chinês confundiu-se na cor da bandeira. Andava lá o fiscal, qual vaqueiro à antiga, a coletar chupitos aos espanhóis mais distraídos. E nós já fechávamos os olhos imaginando as dançarinas do ventre meneando-se à nossa frente. Como uma droga que regressava triunfante!

E quando tudo terminou, os laivos de qualquer coisa chegaram e ninguém bateu palmas, ficaram ali mesmo a dormir, uns dentro dos outros enquanto as melodias teimavam em entrar-lhes pelos sonhos a dentro.

No fim de tudo, abri os olhos e dei por mim na Catedral, um cavalo e um cura, cansados de tentar angariar fieis, dormiam junto do altar e a mãe da mulata falava-lhes da confissão, batendo forte no ombro do cura, que vociferava algo parecido com alguma praga bíblica.

De repente a mulata passou-se dos carretos e começou a despir-se, o cavalo acordou, o cura dançou e ouviam-se sirenes ao longe enquanto no altar dois anjos de óculos escuros evocavam putos a roubar maçãs. Será que alguma vez voltaríamos a nossa casa para dormir em paz?


António Borges

Título: Como adormecer em paz

Autor: António Borges (todos os textos)

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Comentários     ( 2 )    recentes

  • António BorgesAntónio Borges

    15-09-2012 às 01:09:08

    Cara Sofia!

    Agradeço-lhe a visita e fico satisfeito de ter captado esse espírito maravilhoso dos Dead Combo!

    Obrigado e volte sempre que todos os textos que aqui colocar terão inspiração musical portuguesa...

    Abraço!

    ¬ Responder
  • M.L.E.- Soluções de ClimatizaçãoSofia Nunes

    12-09-2012 às 15:12:39

    Excelente texto, fazendo jus à excelência dos Dead Combo, esse verdadeiro tesouro português que deveria fazer corar todos aqueles que dizem que em Portugal não se faz boa música! Cada tema tem acordes fantásticos e surpreendentes, que revelam a mestria e a inspiração desses grandes músicos. Pena que ainda não saibamos valorizar o que bem se faz cá dentro… mas sempre foi assim: as massas serão sempre massas, irão sempre preferir música mais comercial.

    ¬ Responder

Comentários - Como adormecer em paz

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Martelos e marrettas

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Texto escrito nos termos do novo acordo ortográfico.
Tema: Ferramentas
Martelos e marrettas\"Rua
Os martelos e as marretas são, digamos assim, da mesma família. As marretas poderiam apelidar-se de “martelos com cauda”. Elas são bastante mais robustas e mantêm as devidas distâncias: o cabo é maior.

Ambos constituem, na sua génese, amplificadores de força destinados a converter o trabalho mecânico em energia cinética e pressão.

Com origem no latim medieval martellu, o martelo é um instrumento utilizado para “cacetear” objectos, com propósitos vários, pelo que o seu uso perpassa áreas como o Direito, a medicina, a carpintaria, a indústria pesada, a escultura, o desporto, as manifestações culturais, etcétera, variando, naturalmente, de formas, tamanhos e materiais de composição.

A diversidade dos martelos é, realmente, espantosa. O mascoto, por exemplo, é um martelo grande empregue no fabrico de moedas. Com a crise económica que assola o mundo actualmente, já se imaginam os governantes, a par dos banqueiros, de martelo em punho para que não falte nada às populações…

Há também o marrão que, mais do que o “papa-livros” que tira boas notas a tudo, constitui um grande martelo de ferro, adequado para partir pedra. Sempre poupa trabalho à pobre água mole…

O martelo de cozinha serve para amaciar carne. Daquela que se vai preparar, claro está, e não da de quem aparecer no entretanto para nos martelar a paciência…!

Já no âmbito desportivo, o lançamento do martelo representa uma das provas olímpicas, tendo sido recentemente adoptado na modalidade feminina. Imagine-se se, em vez do martelo, se lançasse a marreta… seria, certamente, mesmo sem juiz nem tribunal, a martelada que sentenciaria a sorte, ou melhor, o azar de alguém!

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Título:Martelos e marrettas

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