Como sobreviver a uma tempestade sonora
Hoje o céu cobriu-se de pássaros negros que voavam em sincronizada celebração, possivelmente pelo delírio terreno que fazia subir as vibrações até ao infinito.
E as pessoas deixaram-se levar por essas mesmas ondas sonoras. Sem quererem envolveram-se num registo único em que o silêncio era interrompido por ondas crescentes compostas de uma abnegada vontade de levar a perfeição até ao limite da resistência humana.
Cada um encontrou-se consigo mesmo na sua própria dimensão, de vontade própria, com a sua infinita capacidade de criação sem que fosse domesticado a um formato já gasto de tanto ser usado e ainda assim tão lucrativo!
E o que dizer de dias que começam em oníricas sensações de desapego pelos bens materiais, como se apenas fosse possível alcançar a felicidade pela natureza própria de cada um, por sua vez em absoluta comunhão com a mãe natureza.
E ainda assim as pessoas seguem absortas na sua vontade de viver sempre um pouco mais do mesmo, com limites impostos e impostos para todos os gostos, agudizando dentro das suas cabeças os insuportáveis silêncios ensurdecedores que aliviam apenas a culpa pelo seu egoísmo que as impede de ser cúmplices com a beleza de cada som que as rodeia.
E à noite, quando se deitam, possivelmente com as dores de cabeça e a felicidade alcançada por mais um dia de rotina assassina, é possível, ainda assim, que se escutem os sons saídos das suas almas, presas aos corpos que se auto-limitam ao que lhes é impingido.
Comentários ( 16 ) recentes
- Sophia
13-05-2014 às 19:08:38Todos os dias temos tempestades que podemos passar e aprender com eles. Muito bom texto!
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Cumprimentos,
Sophia - rita crespo
20-09-2012 às 11:11:13Já descobri como se vota! Espero que continues a dar vazão à tua vocação!
¬ Responder - Luiza Caetano
08-09-2012 às 13:45:26"E o que dizer de dias que começam em oníricas sensações de desapego pelos bens materiais, como se apenas fosse possível alcançar a felicidade pela natureza própria de cada um, por sua vez em absoluta comunhão com a mãe natureza."
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Concordo plenamente com esta tua postura literária, até porque comungo com ela no que se refere á fuga às habituais carneiradas com objetivos mais ou menos rotineiros. Sem criatividade nos seus caminhos de vulgaridade quotidiana. A imposição do Yes Sir tem muita força junto daqueles que não tem força, nem ânimo. Não estão nem aí para a sublime espiritualidade com a mãe natureza.
PARABÉNS pelos textos que são excelentes e pela coragem de ires em frente. Muita Força e Muita Luz, Manuel Marques. Beijos.
- António Borges
12-09-2012 às 10:13:53Obrigado pelas palavras, pela força, pelos elogios. É sempre um privilégio ter um comentário teu! Beijinhos e abraços!!!
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- Dolores Jardim
05-09-2012 às 21:24:26Boa-tarde, meu dileto amigo e autor que saudades!
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Como é gratificante ter diante de meus olhos um texto que realmente faz valer a pena.Ler, e reler e não querer que chegue o final, para poder sorver cada palavra que escreves com a realidade latente a que estamos convivendo.
Amei intensamente este texto teu, pela veracidade que nele imprimiste, o que aliás é teu estilo.
Parabéns e continua sempre assim, exatamente assim.
Forte abraço e beijos
Dolores Jardim - Carlos Fonseca
05-09-2012 às 17:13:29Excelente este teu texto, gostei bastante,há muito tempo que não lia nada teu. Obrigado.
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Aceita o meu grande e fraterno abraço! - TERESA AMARAL
05-09-2012 às 16:38:23Boa tarde , como eh bom voltar a te ver por aqui e escrevendo, saudades dos teus textos, das tuas poesias, enfim saudades de ler algo que me diga alguma coisa. Ateh sempre meu amigo, bjo
¬ Responder - António Borges
05-09-2012 às 21:38:11olá! obrigado pela visita! espero que voltes rápido, porque inundarei este sítio com estas pequenas crónicas de como sobreviver, sempre com uma canção portuguesa como inspiração!!! abraços!!!
¬ Responder - Virgínia de Sá
05-09-2012 às 15:56:30Sou transportada para um Universo paralelo, o da escrita, que me faz lembrar a delícia que é essa excelente terapia de deixar à solta o nosso cavalo da imaginação. E como soltas esse cavalo!!! Ainda bem que voltaste. Abraço. Sempre.
¬ Responder - Paulo Vajão
05-09-2012 às 14:46:52Não me surpreende a tua excelente escrita, um Forte Abraço!!!
¬ Responder - António Borges
07-09-2012 às 00:04:32grande abraço amigo Paulo obrigado pela visita e pelos elogios!
¬ Responder - Paula Victorino
05-09-2012 às 13:01:04Hoje a rotina obscura e asfixiante foi quebrada pelo poder da "PALAVRA" Saudades de te ler, meu amigo.
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Um beijinho imenso para ti, e os meus parabéns ao NERO eheheh....:) - António Borges
05-09-2012 às 14:55:16pelo Nero obrigado!!! :), pela visita ainda mais e não te esqueças de voltar!!! beijinhos!!!
¬ Responder - Elsa Pacheco
04-09-2012 às 20:43:23Muito bonito! Parabéns!
¬ Responder - António Borges
05-09-2012 às 11:33:57olá! obrigado pela visita, volta sempre é isso que dá alegria!!!
¬ Responder - Manuel
05-09-2012 às 21:32:38obrigado amigo Carlos! grande abraço e volta sempre que os textos irão continuar!!!
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