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Grafitos portugueses em África

Categoria: Viagens
Comentários: 1
Grafitos portugueses em África

Na costa de Mombaça, a segunda maior cidade do Quénia, nas paredes do bastião de São Mateus, há uma surpresa deixada pelos marinheiros lusos, que constitui também uma das atracções turísticas: grafitos. Efectivamente, parece que os Portugueses se iniciaram neste tipo de pintura em finais do século xvi ou princípios do século xvii. Naturalmente que nos primórdios desta actividade não dispunham de latas de aerossol como agora, tendo de se “desenrascar” com carvão e ocre. Os desenhos do Forte de Jesus, construído pelos Portugueses em 1593 com o objectivo de superintender a entrada no porto e as rotas comerciais do oceano Índico, evocam a saudade e o mar, alicerces fundamentais da cultura lusitana.

Para chegar a Mombaça eram necessários seis longos meses de uma interminável e tormentosa viagem, onde não faltavam fortes temporais intercalados com calmarias que imobilizavam os barcos na vastidão das águas. Talvez se deva a este facto a profusão de caravelas, galeões e naus, de grande variedade e colocações diversas, dando quase a ideia de um livro de anteprojectos de algum arquitecto mais desocupado.

Um coração ferido por uma flecha constitui o âmago das ilustrações. Pode interpretar-se este debuxo como a lembrança e o sofrimento por um amor longínquo, mas existe a possibilidade de estar associado à herança dos monges agostinhos, chegados a Mombaça em 1598, cujo símbolo era a Bíblia com um coração trespassado por cima.

Outra reprodução mostra uma mulher que, das arcadas do que parece ser um palácio de Portugal ou de Goa, de onde, aliás, vinham os militares encarregados da guarda do forte, a dizer adeus, com toda a conotação sentimental própria do povo luso. Há ainda igrejas, um cruzeiro e até um castelo.

Um português digno da sua raça defronta, sem qualquer auxílio, sete inimigos árabes e chineses, à espada e à sombra da cruz gamada, emblema do Portugal marítimo. A valentia, quiçá um bocadinho exagerada(!), marca, deste modo, presença nestes grafitos ancestrais, que têm uma assinatura ou tag, como actualmente se designa: Lemos. O nome do autor não é inédito (o que não falta são Lemos por esse país fora…), mas o do santo que o acompanha (São Baoque), e que é possível que se reporte à denominação de um navio, já provoca mais estranheza.

Não obstante a humidade, o pó e as guerras que estas imagens já “viram” passar em mais de quatro séculos de existência, o seu estado de conservação é bom, mesmo porque nas obras de reconstrução que decorreram entre 1634 e 1639 houve o cuidado de tapar as paredes que as albergam. A restauração dos grafitos ocorreu em 1967 com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian.


Maria Bijóias

Título: Grafitos portugueses em África

Autor: Maria Bijóias (todos os textos)

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Imagem por: JavierPsilocybin

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Comentários     ( 1 )    recentes

  • SophiaSophia

    13-06-2014 às 18:10:22

    Genial, muito bom! O mais legal é ver esses grafitos sento portugueses colocados em outros países, como no caso da África.
    Cumprimentos,
    Sophia

    ¬ Responder

Comentários - Grafitos portugueses em África

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Autobiografia de Alice B. Toklas, de Gertrude Stein, pela primeira vez em Portugal

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Tema: Literatura
Autobiografia de Alice B. Toklas, de Gertrude Stein, pela primeira vez em Portugal\"Rua
Gertrude Stein foi uma escritora de peças de teatro, de peças de opera, de ficção, de biografia e de poesia, nascida nos Estados Unidos da América, e escreveu a Autobiografia de Alice B. Toklas, vestindo a pele, e ouvindo pela viva voz da sua companheira de 25 anos de vida, os relatos da historia de ambas, numa escrita acessível, apresentando situações caricatas ou indiscretas de grandes vultos da arte e da escrita da sua época. Alice B. Toklas foi também escritora, apesar de ter vivido sempre um pouco na sombra de Stein. Apesar de ambas terem crescido na Califórnia, apenas se conheceram em Paris, em 1907.


Naquela altura, Gertrude vivia há quatro anos com o seu irmão, o artista Leo Stein, no numero 27 da rue de Fleurus, num apartamento que se tinha transformado num salão de arte, recebendo exposições de arte moderna, e divulgando artistas que viriam a tornar-se muito famosos. Nestes anos iniciais em Paris, Stein estava a escrever o seu mais importante trabalho de início de carreira, Three Lives (1905).


Quando Gertrude e Alice se conheceram, a sua conexão foi imediata, e rapidamente Alice foi viver com Gertrude, tornando-se sua parceira de escrita e de vida. A casa, como se referiu atrás, tornou-se um local de reunião para escritores e artistas da vanguarda da época. Stein ajudou a lançar as carreiras de Matisse, e Picasso, entre outros, e passou a ser uma espécie de teórica de arte, aquela que descrevia os trabalhos destes artistas. No entanto, a maior parte das críticas que Stein recebia, acusavam-na de utilizar uma escrita demasiado densa e difícil, pelo que apenas em 1933, com a publicação da Autobiografia de Alice B. Toklas, é que o trabalho de Gertrude Stein se tornou de facto reconhecido e elogiado.


Alice foi o apoio de Gertrude, foi a dona de casa, a cozinheira, grande cozinheira aliás, vindo mais tarde a publicar algumas das suas receitas, e aquela que redigia e corrigia o que Gertrude lhe ditava. Assim, Toklas fundou uma pequena editora, a Plain Editions, onde publicava o trabalho de Gertrude. Aliás, é reconhecido nesta Autobiografia, que o papel de Gertrude, no casal, era o de marido, escrevendo e discutindo arte com os homens, enquanto Alice se ocupava da casa e da cozinha, e de conversar sobre chapéus e roupas com as mulheres dos artistas que visitavam a casa. Depois da morte de Gertrude, Alice continuou a promover o trabalho da sua companheira, bem como alguns trabalhos seus, de culinária, e um de memórias da vida que ambas partilharam.


Assim, este livro que inspirou o filme “Meia noite em Paris”, de Woody Allen, é um livro a não perder, já nas livrarias em Portugal, pela editora Ponto de Fuga.

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Liliana Félix Leite

Título:Autobiografia de Alice B. Toklas, de Gertrude Stein, pela primeira vez em Portugal

Autor:Liliana Félix Leite(todos os textos)

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