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É saudável viver a tristeza

Categoria: Saúde
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Comentários: 1
É saudável viver a tristeza

Embora hoje em dia quase se crucifique quem se permitir ser vulnerável, a verdade é que tanto a tristeza como a alegria integram a nossa humanidade e são ambas lícitas e salutares, enquanto parte do espectro do espólio das nossas vivências.

Em acréscimo, não é fugindo da tristeza ou das coisas más que se as ultrapassa ou resolve. Andar de cara aparentemente alegre e fingir que se está no pico das forças, para além de uma desonestidade básica relativamente ao próprio “eu”, consubstancia um agravamento do problema, uma vez que se está a tentar ignorá-lo. Portanto, saber viver a tristeza sem evasões é meio caminho andado para a solução.

Numa sociedade em que se despreza a fraqueza e a incapacidade de estar “sempre bem”, em que é obrigatório produzir de forma constante, independentemente do que nos acometer ou afectar, em que, aconteça o que acontecer, tem de se andar para a frente, e em que a felicidade se mede pela quantidade de sorrisos amarelos, quantas vezes ensombrados pelo castanho das olheiras em que ninguém parece reparar, não há lugar para os sentimentos. Todavia, e não obstante toda a pressão social para que nos convertamos em máquinas, as emoções são-nos intrínsecas e não podem ficar aprisionadas, sob pena de a sua repressão originar patologias mais ou menos graves. Elas têm mesmo de ser exprimidas, de sair, de transmitir a sua mensagem. Para tal, é possível que seja preciso parar, interromper uma função mais produtiva e dedicar-se à introspecção. É na medida em que nos tornamos pessoas mais conscientes que vamos alcançando uma panóplia mais ampla de estratégias para ir superando o que vai ocorrendo.

Assim sendo, a tristeza não tem de ser evitada, abolida ou depreciada. Ao invés, sendo um estado de alma como outro qualquer, precisamos dela e temos de aprender a aproveitar os seus benefícios para crescer e amadurecer emocionalmente. O sofrimento pode ser vantajoso, pela capacidade de reflexão com que nos dota, pelos ensinamentos que aporta e pelos ajustamentos psicológicos individualizados que permite.

Naturalmente que não se recomenda a ninguém que mergulhe na tristeza indefinida e constantemente, até porque a não ultrapassagem dessa condição limita e sufoca. A melancolia só traduz a «alegria de estar triste» durante um certo tempo; depois, instala-se o desespero e a falta de sentido, antecâmaras da depressão.

Será importante, em variadas ocasiões, chorar para exteriorizar o que se está a sentir verdadeiramente, num espaço de intimidade consigo mesmo. Em acréscimo, o aflorar das sensações mais negativas pode ser o mote para escrevê-las ou conversar sobre elas com alguém. Uma visão imparcial dos acontecimentos é, invariavelmente, mais real. O objectivo fundamental não é eliminar a tristeza, mas arranjar rituais simples para que a tristeza não nos elimine a nós!



Maria Bijóias

Título: É saudável viver a tristeza

Autor: Maria Bijóias (todos os textos)

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Comentários     ( 1 )    recentes

  • MarceloMarcelo

    18-02-2011 às 15:05:57

    o seu texto só falou a verdade,tem horas que a dor é tão grande que parece que quebramos os nossos corações...e o ar nos falta....mais o meu lema é desistir nunca retroceder jamais...só que as vezes falta força...primeiro se aprende que somos fortes e qdo enxergamos o qto somos ou podemos ficar fraco ,vc acha que tudo pode ou nao ser mentira ou nao passar de uma mera ilusão.

    ¬ Responder

Comentários - É saudável viver a tristeza

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Fine and Mellow

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Tema: Música
Fine and Mellow\"Rua
"O amor é como uma torneira
Que você abre e fecha
Às vezes quando você pensa que ela está aberta, querido
Ela se fechou e se foi"
(Fine and Melow by Billie Holiday)

Ao assistir a Bio de Billie Holiday, ocorreu-me a questão Bluesingers x feminismo, pois quem ouve Blues, especialmente as mais antigas, as damas dos anos 10, 20, 30, 40, 50, há de pensar que eram mulheres submissas ao machismo e maldade de seus homens. Mas, as cantoras de Blues, eram mulheres extremamente independentes; embora cantassem seus problemas, elas não eram submissas a ponto de serem ultrajadas, espancadas... Eram submissas, sim, ao amor, ao bom trato... Essas mulheres, durante muito tempo, tiveram de se virar sozinhas e sempre que era necessário, ficavam sós ou mudavam de parceiros ou assumiam sua bissexualidade ou homossexualidade efetiva. Estas senhoras, muitas trabalharam como prostitutas, eram viciadas em drogas ou viviam boa parte entregues ao álcool, merecem todo nosso respeito. Além de serem precursoras do feminismo, pois romperam barreiras em tempos bem difíceis, amargavam sua solidão motivadas pelo preconceito em relação a cor de sua pele, como aconteceu a Lady Day quê, quando tocava com Artie Shaw, teve que esperar muitas vezes dentro do ônibus, enquanto uma cantora branca cantava os arranjos que haviam sido feitos especialmente para ela, Bilie Holiday. Foram humilhadas, mas, nunca servis; lutaram com garra e competência, eram mulheres de fibra e cheias de muito amor. Ouvir Billie cantar Strange Fruit, uma das primeiras canções de protestos, sem medo, apenas com dor na alma, é demais para quem tem sentimentos. O brilho nos olhos de Billie, fosse quando cantava sobre dor de amor ou sobre dor da dor, é insubstituível. Viva elas, nossas Divas do Blues, viva Billie Holiday, aquela que quando canta parte o coração da gente; linda, magnifica, incomparável, Lady Day.

O amor vai fazer você beber e cair
Vai fazer você ficar a noite toda se repetindo

O amor vai fazer você fazer coisas
Que você sabe que são erradas

Mas, se você me tratar bem, querido
Eu estarei em casa todos os dias

Mas, se você continuar a ser tão mau pra mim, querido
Eu sei que você vai acabar comigo

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Sayonara Melo

Título:Fine and Mellow

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