Filhos da Escolha, Sempre!
Infelizmente olhamos na maioria das vezes para a adoção como um ato de caridade e consequentemente para os pais como “caridosos” e para o filho como o coitado que a princípio não era ninguém e depois sendo objeto de tamanha bondade terá que passar o resto da vida nesta situação de agradecimento.
Adotar uma criança por vontade de ajudar as pessoas não é uma boa opção, porque vai de certa forma realçar aquela situação de que um está dando e o outro recebendo e isto pode trazer implicações ruins com o tempo.
Adoção é uma entrega incondicional, uma relação transformante, porque temos a ideia de que amamos muito nossos filhos porque vieram de nós, é parte de nós e vamos perceber que somos capazes de mais, não precisa ser parte de nós para ter nosso amor incondicional, aliás nisso concordo com o pequeno príncipe, o que torna a rosa especial é o tempo que dediquei a ela. Tanto que se descobrimos no futuro que um filho foi trocado na maternidade, não deixaremos de ama-lo por isto, o tempo o transformou em parte de nós e não é diferente na adoção.
Eu sou mãe biológica, e quando descobri que estava grávida, tive a oportunidade de escolher: abortar, levar para adoção, colocar na porta de um vizinho bondoso... Assim como o pai, poderia não assumir a paternidade, pedir o divórcio e sumir no mundo...
Mas não, escolhemos, veja bem, escolhemos adota-la como filha. Logo ela é filha adotiva e mais independente se nasceu da barriga ou do coração como costumam dizer por aí, ela é filha da escolha, da nossa decisão de sermos pais dela.
Eu conheço muita gente que passa a vida inteira reclamando que sua vida fracassou por que teve que cuidar dos filhos. Não seria melhor se tivessem se dado esta oportunidade de escolha? Ela não precisa e nem deve ser neste momento é claro, melhor que seja antes da gravidez, mas ela é necessária, para sermos pais inteiros, entregues, capazes de dar amor incondicional, sejam eles filhos nascidos da barriga ou do coração. Serão filhos adotivos, filhos da nossa escolha consciente.