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Início > Textos > Categoria > Literatura > Morrer é só não ser visto

Morrer é só não ser visto

Categoria: Literatura
Visitas: 9
Comentários: 18
Morrer é só não ser visto

A morte é uma realidade por natureza envolta em sofrimento e, de algum modo, em mistério, não obstante o seu carácter de inevitabilidade para todo o ser vivo. Já diz o povo que «é o que temos de mais certo». Ainda assim, aceitá-la e integrá-la como parte da vida afigura-se uma tarefa árdua e nem sempre exequível sem ajuda, por vezes profissional.

O livro «Morrer é só não ser visto» reúne testemunhos de pessoas que perderam entes queridos e que, sem medos nem preconceitos, expõem sentimentos e emoções a nu. Trata-se da experiência de celebridades e de anónimos, e da força, amor, positividade e esperança que estes iluminados transmitem, sobretudo a quem se encontre no pesado processo do luto.

Esta obra, publicada em 2009 pela editora Planeta, cujo título é retirado de um verso de Fernando Pessoa, não tenciona ser um romance nem uma eloquente dissertação acerca do tema da morte, pretendendo, pelo contrário, mostrar, através de histórias de vida muito concretas, como os intervenientes encontraram, no meio das fragilidades, um sentido para a dor, como se recusaram a render-se à tragédia, os seus diferentes ritmos das várias fases do luto (passadas e presentes), as formas de viver a perda, as estratégias para debelar as desmesuradas saudades, e tantos outros truques e dicas muito úteis e bastante simples.

O desassombro presente neste livro de Inês Barros Baptista contradiz a tese de que a morte constitui o segundo maior tabu das nossas sociedades, logo a seguir ao sexo, e, em alguns casos, ultrapassando-o ou substituindo-o. De facto, a frontalidade e a coragem patentes nesta obra surpreendem e tornam-na única na abordagem da morte e dos segredos da vida, apontando invariavelmente para o transcendente. O excerto que se segue é disso um exemplo: «O luto foi duro, demorado, difícil. Eu tinha trinta e dois anos e o Pyppo estava a um mês de completar trinta e três. A meias, tínhamos uma filha com cinco e um filho a caminho dos dois.

Nunca, até então, a morte tinha sido tão implacável, tão definitiva, tão trágica. De um momento para o outro, deixou-me sem chão, sem marido, sem pai, sem as canções que embalavam o sono dos filhos, sem abraços, sem companhia. E, no entanto, eu sabia – e, acima de tudo, sentia – que o Pyppo não tinha morrido, mas apenas mudado de latitude, de vibração, de frequência, e que, de onde quer que estivesse, velaria por nós.»

Um assunto que aparenta soturnidade e tristeza pode, autenticamente, inspirar sentimentos bons e profundos, desvendando laços porventura mais puros, profundos e perfeitos do que os antecedentes. É engraçado como os três “D” do luto (duro, demorado, difícil) são passíveis de dar origem a estes três “P” (puro, profundo, perfeito), no âmbito do infinito. Afinal, como diz o poeta, «nunca minguem se perdeu, tudo é verdade e caminho».


Maria Bijóias

Título: Morrer é só não ser visto

Autor: Maria Bijóias (todos os textos)

Visitas: 9

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Imagem por: alicepopkorn

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Comentários     ( 18 )    recentes

  • SophiaSophia

    09-05-2014 às 17:34:05

    Que interessante! Adoramos ler histórias reais, ainda mais sobre um assunto tão visado como a morte. Parece ser bem profundo e cheio de emoções.
    Cumprimentos,
    Sophia

    ¬ Responder
  • Carla HortaCarla Horta

    07-10-2012 às 22:57:28

    Maria, nunca li o livro que aconselha, mas deixa qualquer leitor com uma vontade imensa de o "provar". A forma como o explica é tão intensa, profunda e pura que não encontro o objectivo correcto para descrever as suas palavras. Se tenho felicitado muitos dos textos que aqui se apresentam na Rua Direita, permita-me que lhe diga que o seu está elaborado com uma delicadeza extraordinária. Muitos e sinceros parabéns pela forma como se expressou.

    ¬ Responder
  • Anne TeixeiraAnne Teixeira

    05-10-2012 às 17:06:35

    Esse conceito me chamou a atenção. No momento em que uma pessoa morre ela passa a ser lembrada por não estar presente, não ser mais vista pelos outros. É uma espécie de saudade das situações vividas.As pessoas vivas também podem ser consideradas mortas quando não se preocupam em estar presente. Sentir falta de alguém é um bom sinal, mas chega um momento que acostumamos e ela acaba "morrendo", tornando-se apenas lembranças.

    ¬ Responder
  • Pedro gil FerreiraPedro gil Ferreira

    04-10-2012 às 10:03:12

    Ora aí está um tema que me deslumbra, embora ainda com alguns receios.Na verdade ainda não tive a experiência de me terem morrido os meus entes mais queridos, a não ser a minha avó, que nem conheci, mas só de pensar nisso me arrepia.Ao ler ecertos de livros, fiquei contente por constatar que morrer é apenas não ser visto neste plano.E a perspetiva de haver outros, com outra frequência emociona-me, naturalmente.

    ¬ Responder
  • Teresa Maria Batista GilTeresa Maria Batista Gil

    04-10-2012 às 09:57:23

    Adorei o tema e todos os comentários dos autores e leitores da Rua Direita.De fato a morte é um tema facinante, especialmente se a virmos como a perpetuação de sentimentos e laços que nos prendem aos nossos entes queridos.A vida noutros mundos, com outra vibração e frequência é cada vez mais desvendada e credível.

    ¬ Responder
  • Teresa Maria Batista GilTeresa Maria Batista Gil

    04-10-2012 às 09:42:16

    Cada vez mais acredito que temos vida depois da morte.assim o significado de morte é apenas renacer, ou nacer de novo.Posto isto, morrer é de fato só não ser visto, porque a alma continua sempre viva, é eterna e vive num corpo mais fluidico, adaptável a outra dimensão e com nova conciência.

    ¬ Responder
  • Adriana SantosAdriana dos Santos da Silva

    01-10-2012 às 23:09:12

    A morte é apenas uma passagem para uma outra vida. Creio na imortalidade na bíblia, de fato todos os seguidores de Jesus viverão eternamente no céu. Não mais fisicamente, porém em um corpo glorificado. Muitos sentem medo, preferem nem pensar na morte, mas a hora que chegar minha vez, estou tranquila, confiando que sou salva e esse lugar chamado de céu me aguarda. Posso falar que o viver é Cristo e o morrer é lucro.

    ¬ Responder
  • Adriana SantosAdriana dos Santos da Silva

    01-10-2012 às 23:07:24

    A morte vem quando menos esperamos. Na verdade, no âmbito físico ela acontece, porém no âmbito espiritual conforme a bíblia entendemos que cada ser humano existirá para sempre. Há somente dois lugares e é isso que devemos pensar e analisar a nós mesmos para qual lugar iremos. A escolha é feita individualmente e com decisões precisas. Mesmo que muitos não acreditem, isso não podemos mudar. Realmente não era propósito de Deus, mas o homem falhou.

    ¬ Responder
  • Daiany Nascimento

    01-10-2012 às 19:24:04

    “Um assunto que aparenta soturnidade e tristeza pode, autenticamente, inspirar sentimentos bons e profundos, desvendando laços porventura mais puros, profundos e perfeitos do que os antecedentes. É engraçado como os três “D” do luto (duro, demorado, difícil) são passíveis de dar origem a estes três “P” (puro, profundo, perfeito), no âmbito do infinito. Afinal, como diz o poeta, «nunca minguem se perdeu, tudo é verdade e caminho».” Parabens autora, por abordar tão bem este assunto.

    ¬ Responder
  • Nilson EmpreendedorNilson Uemoto

    01-10-2012 às 00:41:31

    Perder um ente querido é dolorido,mesmo quando o ente querido está doente e de certa forma esperamos sua morte, quando a notícia da morte chega é algo muito difícil de superar.Tem certas culturas que consideram a morte uma espécie de renascimento e eles festejam quando uma pessoa se vai desse mundo.Na nossa cultura ocidental é impensável festejarmos a morte de um ente querido, tentamos nos consolar afirmando que a pessoa está em um lugar melhor

    ¬ Responder
  • Cristina SousaCristina Sousa

    28-09-2012 às 15:17:21

    Concordo com a afirmação. As pessoas que morrem deixam de habitar este mundo, mas concerteza, permanecerão a ocupar um lugar na memória e lembrança das pessoas com quem se relacionou neste mundo. Existiram para sempre os registos da sua permanência neste mundo, como são as fotografias, os filmes, as cartas, etc. Afinal, o ser humano torna-se, por si só, um ser imortal, independentemente do que foi a sua vida neste mundo.

    ¬ Responder
  • André BelacorçaAndré Belacorça

    25-09-2012 às 18:35:55

    Um livro muito interessante e misterioso, pelo que o nome indica, talvez aconselhável a quem gosta de ler e se deixar deliciar pelas misteriosas escritas que vamos encontrando ao longo de vários livros.

    ¬ Responder
  • Teresa Maria Batista GilTeresa Maria Batista Gil

    25-09-2012 às 14:02:33

    A crença na imortalidade na alma é cada vez maior. E, atualmente as terapias relacionadas com a reencarnação são cada vez mais aplicadas.Assim, torna-se óbvio que há vida depois da morte, logo morrer significa não ser visto neste mundo porque a pessoa passa para outro mundo, espiritual.

    ¬ Responder
  • Daniela VicenteDaniela Vicente

    24-09-2012 às 00:39:46

    essa ideia é muito relativa. a sensação de não poder ver a pessoa nunca mais é muito doloroso. é muito melhor ter a sensação que aquela pessoa está sempre ali se precisarmos dela, só por gostarmos da sua presença.

    ¬ Responder
  • Wallace RandalWallace Randal

    22-09-2012 às 21:44:07

    Boa tarde Maria Bijóias ,tudo bem? A morte, apesar de tão natural quanto a vida, é um assunto por demais delicado e tenso. Envolve os sentimentos mais sóbrios e por vezes ricos, dos quais podem gerar projetos incríveis como o livro de Inês Barros Baptista, Morrer é só não ser visto, citado no texto. Muito boa sua exposição de ideias, principalmente o paradoxo dos sentimentos duro, demorado, difícil e puro, profundo, perfeito,

    ¬ Responder
  • Wallace RandalWallace Randal

    22-09-2012 às 21:43:56

    Boa tarde Maria Bijóias ,tudo bem? A morte, apesar de tão natural quanto a vida, é um assunto por demais delicado e tenso. Envolve os sentimentos mais sóbrios e por vezes ricos, dos quais podem gerar projetos incríveis como o livro de Inês Barros Baptista, Morrer é só não ser visto, citado no texto. Muito boa sua exposição de ideias, principalmente o paradoxo dos sentimentos duro, demorado, difícil e puro, profundo, perfeito.

    ¬ Responder
  • Sofia NunesSofia Nunes

    22-09-2012 às 18:12:19

    Não são todos os que têm coragem para escrever sobre este tema, pelo contrário. Pessoalmente, tenho que confessar que, após uma pré-adolescência e adolescência em que a ideia da inevitabilidade da morte me perturbava, escolhi o caminho de evitar este assunto. No entanto, é algo que não pode ser evitado, uma vez que é um tema tão presente. Dou-lhe, assim, os parabéns por abordar este assunto, e pela boa escrita que está patente neste texto.

    ¬ Responder
  • M.L.E.- Soluções de ClimatizaçãoDaniela Vicente

    10-09-2012 às 12:53:55

    Morrer é um facto muito real da nossa vida. Quem já não perdeu um ente querido? Todavia, como nos podemos conformar com a saída de uma pessoa da nossa vida? Eu adorava acreditar na vida para além da morte, o que é muito difícil, visto que não há provas nenhumas disso. A luz ao fundo do túnel não me parece a presença de uma segunda vida à nossa espera. O seu texto está bonito.

    ¬ Responder

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Martelos e marrettas

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Tema: Ferramentas
Martelos e marrettas\"Rua
Os martelos e as marretas são, digamos assim, da mesma família. As marretas poderiam apelidar-se de “martelos com cauda”. Elas são bastante mais robustas e mantêm as devidas distâncias: o cabo é maior.

Ambos constituem, na sua génese, amplificadores de força destinados a converter o trabalho mecânico em energia cinética e pressão.

Com origem no latim medieval martellu, o martelo é um instrumento utilizado para “cacetear” objectos, com propósitos vários, pelo que o seu uso perpassa áreas como o Direito, a medicina, a carpintaria, a indústria pesada, a escultura, o desporto, as manifestações culturais, etcétera, variando, naturalmente, de formas, tamanhos e materiais de composição.

A diversidade dos martelos é, realmente, espantosa. O mascoto, por exemplo, é um martelo grande empregue no fabrico de moedas. Com a crise económica que assola o mundo actualmente, já se imaginam os governantes, a par dos banqueiros, de martelo em punho para que não falte nada às populações…

Há também o marrão que, mais do que o “papa-livros” que tira boas notas a tudo, constitui um grande martelo de ferro, adequado para partir pedra. Sempre poupa trabalho à pobre água mole…

O martelo de cozinha serve para amaciar carne. Daquela que se vai preparar, claro está, e não da de quem aparecer no entretanto para nos martelar a paciência…!

Já no âmbito desportivo, o lançamento do martelo representa uma das provas olímpicas, tendo sido recentemente adoptado na modalidade feminina. Imagine-se se, em vez do martelo, se lançasse a marreta… seria, certamente, mesmo sem juiz nem tribunal, a martelada que sentenciaria a sorte, ou melhor, o azar de alguém!

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