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Autobiografia vs ficção: positivement personne

Categoria: Literatura
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Autobiografia versus ficção: positivement personne

O tema, paradoxal de resto, autobiografia/ficção ao longo da história dos tempos tem vindo a suscitar reflexões de escritores e críticos literários. Ao longo da história da literatura, relacionou-se a mimese e a escrita autobiográfica com a (falta de) qualidade na escrita. A escrita autobiográfica espelha o mundo interior e/ou exterior do narrador enquanto que a ficção apaga a sua presença.

Platão, em «República» e Aristóteles em «Poética» desenvolvem posições completamente opostas. Platão vê na mimese uma forma teatral. Por sua vez Aristóteles encara-a como cópia da realidade.

Mais tarde, em França, escritores oitocentista mantêm esta dicotomia. Victor Hugo procura conferir à narração alguma realidade, Balzac empola os dramas de forma romântica. Por sua vez, Flaubert busca ansiosamente a impessoalidade. A frase de Flaubert. «Madame Bovary, c'est moi» é sobejamente conhecida. Escrevia, descrevendo.

Em Portugal, Eça ‘retoma’ o estilo de Flaubert. A sua escrita opõe-se à de Camilo Castelo Branco em que o espírito de lugar e do tempo transparece no Minho, na roda dos conventos, na porta giratória dos conventos onde os enjeitados eram abandonados. O próprio vocabulário difunde a peculiaridade da cultura minhota oitocentista. Em Camilo, as intromissões do narrador (e o uso da primeira pessoa) são frequentes. Por detrás do escritor, reconhecem-se, com alguma facilidade, os traços autobiográficos.

A expressão francesa «positivamente personne» torna-se difícil de traduzir na medida em que a palavra «personne» reveste-se de um sentido duplo: pessoa e ninguém. Pese embore «pessoa» não nomeie ninguém especificamente, não deixa de ser uma presença. Por sua vez a palavra «ninguém», como é óbvio aponta para a ausência de alguém. A expressão «positivement personne» foi usada por Paul Valéry em «Au sujet d´Adonis» em Variété - Oeuvres Complètes I, Gallimard 1924, «Bibliothèque de la pléiade pp. 483-484. A expressão «positivement personne» remete para a imagem e é fruto do momento.

O narrador escreve à sua imagem. Tem o seu estilo próprio. A sua presença, mais ou menos visível, é mais uma questão de estilo do que de emoções e sentimentos propriamente ditos. O ritmo é um dos fatores que ditam o estilo individual de cada autor. Tal como nas restantes artes, o ritmo dita o movimento. As potencialidades da escrita são imensas. Cabe a cada um, escritor e leitor, encontrar o seu ritmo. fruir o prazer da escrita e da leitura e ser «positivement personne».


Maria Alzira Teixeira Pereira de Moura Guedes

Título: Autobiografia vs ficção: positivement personne

Autor: Maria Alzira Guedes (todos os textos)

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Fine and Mellow

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Tema: Música
Fine and Mellow\"Rua
"O amor é como uma torneira
Que você abre e fecha
Às vezes quando você pensa que ela está aberta, querido
Ela se fechou e se foi"
(Fine and Melow by Billie Holiday)

Ao assistir a Bio de Billie Holiday, ocorreu-me a questão Bluesingers x feminismo, pois quem ouve Blues, especialmente as mais antigas, as damas dos anos 10, 20, 30, 40, 50, há de pensar que eram mulheres submissas ao machismo e maldade de seus homens. Mas, as cantoras de Blues, eram mulheres extremamente independentes; embora cantassem seus problemas, elas não eram submissas a ponto de serem ultrajadas, espancadas... Eram submissas, sim, ao amor, ao bom trato... Essas mulheres, durante muito tempo, tiveram de se virar sozinhas e sempre que era necessário, ficavam sós ou mudavam de parceiros ou assumiam sua bissexualidade ou homossexualidade efetiva. Estas senhoras, muitas trabalharam como prostitutas, eram viciadas em drogas ou viviam boa parte entregues ao álcool, merecem todo nosso respeito. Além de serem precursoras do feminismo, pois romperam barreiras em tempos bem difíceis, amargavam sua solidão motivadas pelo preconceito em relação a cor de sua pele, como aconteceu a Lady Day quê, quando tocava com Artie Shaw, teve que esperar muitas vezes dentro do ônibus, enquanto uma cantora branca cantava os arranjos que haviam sido feitos especialmente para ela, Bilie Holiday. Foram humilhadas, mas, nunca servis; lutaram com garra e competência, eram mulheres de fibra e cheias de muito amor. Ouvir Billie cantar Strange Fruit, uma das primeiras canções de protestos, sem medo, apenas com dor na alma, é demais para quem tem sentimentos. O brilho nos olhos de Billie, fosse quando cantava sobre dor de amor ou sobre dor da dor, é insubstituível. Viva elas, nossas Divas do Blues, viva Billie Holiday, aquela que quando canta parte o coração da gente; linda, magnifica, incomparável, Lady Day.

O amor vai fazer você beber e cair
Vai fazer você ficar a noite toda se repetindo

O amor vai fazer você fazer coisas
Que você sabe que são erradas

Mas, se você me tratar bem, querido
Eu estarei em casa todos os dias

Mas, se você continuar a ser tão mau pra mim, querido
Eu sei que você vai acabar comigo

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Sayonara Melo

Título:Fine and Mellow

Autor:Sayonara Melo(todos os textos)

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