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Acessórios De Escrita

Acessórios De Escrita

Os acessórios de escrita revelam-se absolutamente fundamentais para a existência da própria arte de escrever. A bem da verdade, como subsistiria a caligrafia sem algo que a materializasse?

Pode ser um dedo a formar letras irrompendo por entre grãos de areia, uma pedra a esboçar noutra uma mensagem, uma pena cujo rasto de tinta traduz uma missiva, uma lapiseira que risca o papel, ou um computador que permite até adicionar imagens e outras mais-valias à composição.

Independentemente dos acessórios, é a escrita que perpetua as palavras que se pretendem comunicar. Isto, claro, quando o vento não homogeneíza novamente o areal, a chuva não lava a pedra, a tinta não seca, o papel não arde e o computador não “decide” hibernar para sempre…

Naturalmente, há registos cujo valor tornariam a perca trágica e outros que nem tanto. Neste último rol englobar-se-iam, certamente, determinadas auto-biografias, em que o conceito de “auto” é altamente discutível e o de “biografia” substituiria, na perfeição, o vulgar “contar carneirinhos” para adormecer.

Neste contexto, os cientistas ainda poderiam dar um grande contributo à investigação, estabelecendo uma relação de causa-efeito entre as auto-biografias e as propriedades soníferas da leitura. Para além de constituir uma opção muito mais saudável do que os vulgares fármacos…

O bocejar assumiria, assim, uma dimensão cultural, que lhe aportaria uma justificação socialmente mais aceitável.

Não há dúvida de que, para qualquer escritor, um dos principais acessórios da redacção, a par da cultura, da própria experiência e dos auxiliares palpáveis, é mesmo a inspiração.

Quando se escreve, parte-se do princípio que alguém nos vai ler. Não obstante, pelo sim e pelo não, mais vale acrescentar um paninho do pó à lista dos acessórios de escrita; é que a nossa marca pode demorar algum tempo a ser lida…


Rua Direita

Título: Acessórios De Escrita

Autor: Rua Direita (todos os textos)

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Imagem por: Andreanna Moya Photography

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Autobiografia de Alice B. Toklas, de Gertrude Stein, pela primeira vez em Portugal

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Tema: Literatura
Autobiografia de Alice B. Toklas, de Gertrude Stein, pela primeira vez em Portugal\"Rua
Gertrude Stein foi uma escritora de peças de teatro, de peças de opera, de ficção, de biografia e de poesia, nascida nos Estados Unidos da América, e escreveu a Autobiografia de Alice B. Toklas, vestindo a pele, e ouvindo pela viva voz da sua companheira de 25 anos de vida, os relatos da historia de ambas, numa escrita acessível, apresentando situações caricatas ou indiscretas de grandes vultos da arte e da escrita da sua época. Alice B. Toklas foi também escritora, apesar de ter vivido sempre um pouco na sombra de Stein. Apesar de ambas terem crescido na Califórnia, apenas se conheceram em Paris, em 1907.


Naquela altura, Gertrude vivia há quatro anos com o seu irmão, o artista Leo Stein, no numero 27 da rue de Fleurus, num apartamento que se tinha transformado num salão de arte, recebendo exposições de arte moderna, e divulgando artistas que viriam a tornar-se muito famosos. Nestes anos iniciais em Paris, Stein estava a escrever o seu mais importante trabalho de início de carreira, Three Lives (1905).


Quando Gertrude e Alice se conheceram, a sua conexão foi imediata, e rapidamente Alice foi viver com Gertrude, tornando-se sua parceira de escrita e de vida. A casa, como se referiu atrás, tornou-se um local de reunião para escritores e artistas da vanguarda da época. Stein ajudou a lançar as carreiras de Matisse, e Picasso, entre outros, e passou a ser uma espécie de teórica de arte, aquela que descrevia os trabalhos destes artistas. No entanto, a maior parte das críticas que Stein recebia, acusavam-na de utilizar uma escrita demasiado densa e difícil, pelo que apenas em 1933, com a publicação da Autobiografia de Alice B. Toklas, é que o trabalho de Gertrude Stein se tornou de facto reconhecido e elogiado.


Alice foi o apoio de Gertrude, foi a dona de casa, a cozinheira, grande cozinheira aliás, vindo mais tarde a publicar algumas das suas receitas, e aquela que redigia e corrigia o que Gertrude lhe ditava. Assim, Toklas fundou uma pequena editora, a Plain Editions, onde publicava o trabalho de Gertrude. Aliás, é reconhecido nesta Autobiografia, que o papel de Gertrude, no casal, era o de marido, escrevendo e discutindo arte com os homens, enquanto Alice se ocupava da casa e da cozinha, e de conversar sobre chapéus e roupas com as mulheres dos artistas que visitavam a casa. Depois da morte de Gertrude, Alice continuou a promover o trabalho da sua companheira, bem como alguns trabalhos seus, de culinária, e um de memórias da vida que ambas partilharam.


Assim, este livro que inspirou o filme “Meia noite em Paris”, de Woody Allen, é um livro a não perder, já nas livrarias em Portugal, pela editora Ponto de Fuga.

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Liliana Félix Leite

Título:Autobiografia de Alice B. Toklas, de Gertrude Stein, pela primeira vez em Portugal

Autor:Liliana Félix Leite(todos os textos)

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