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Moeda de Nero

Texto escrito nos termos do novo acordo ortográfico.
Categoria: Antiguidades
Visitas: 22
Comentários: 1
Moeda de Nero

Na Roma antiga, e desde os seus primeiros tempos (quando ainda era uma monarquia), havia um templo dedicado ao deus Jano, ou deus da Porta. Era representado com duas caras, uma voltada para o passado, outra para o futuro. O nome do deus estava ligado ao nome do primeiro mês do ano (Januário -> janeiro), e os soldados que regressavam das campanhas militares tinham de passar pelo templo do deus, antes de poderem entrar em Roma, de modo a se purificarem de todos os excessos cometidos nas batalhas. Assim, enquanto Roma estivesse envolvida nalgum conflito, as portas do templo tinham de permanecer abertas.

Já em época imperial, parece que este templo só teve as suas portas fechadas em três ocasiões, significando que, apenas em três momentos da sua longa história, Roma conseguiu ter paz em toda a extensão dos seus domínios.

Quem se dedica a estudos ligados à história da humanidade, com o tempo, acaba por perceber que o homem é o mesmo em todas as épocas, na sua essência. A sua vida é orientada para a satisfação das mesmas necessidades básicas, tais como a alimentação e a continuação da espécie. Para tal, há um outro conjunto de necessidades que, embora possam ver as suas caraterísticas alterarem-se, com a evolução humana, continuam a ser aspetos basilares, onde a satisfação das necessidades mais básicas do homem assenta. Obtenção de matérias-primas, descoberta de formas e técnicas de as trabalhar, conhecimento do ambiente em que está inserido, transmissão de conhecimentos, etc., tudo isto contribui para que os indivíduos se sustentem e criem a sua descendência. Estar em paz é, também, uma destas características desejadas para se viver e se construir uma família, com mais tranquilidade e hipóteses de sucesso.

Voltando ao templo de Roma, é perfeitamente compreensível que o governante que conseguisse mandar fechar as suas portas, por realmente ter alcançado a pacificação do território, gozaria de uma grande simpatia e aceitação por parte das populações, pois a sua ação governativa tinha promovido a paz e o bem-estar dos que habitavam sob o seu domínio. Divulgar essa notícia, esse feito grandioso do alcance da paz, era uma excelente manobra de propaganda política – basta lembrar-se que um dos argumentos que se usa para “desculpabilizar” ou mesmo fazer a apologia da ditadura de Salazar, era o facto de a sua diplomacia nos ter mantido fora da 2ª Guerra mundial.

Curiosamente, um dos imperadores mais controversos da história de Roma, Nero, mais conhecido por mandar incendiar a cidade capital do seu império, foi um dos governantes que teve o privilégio de poder mandar fechar as portas do templo de Jano, mostrando, assim, que Roma e as suas províncias estavam em paz. Para propagar essa feliz notícia, Nero serviu-se habilmente de um instrumento que chegava a toda a parte e que disseminaria o feito por todas as classes sociais. Mandou emitir uma moeda de cobre (vulgo Asse) com a sua efígie no verso e a fachada do templo de Jano com as portas fechadas, no reverso. Assim se percebe que o potencial da utilização da moeda como meio de propaganda política era já conhecido e utilizado.

No acervo numismático do Museu Nacional de Arqueologia, há um exemplar desta moeda de Nero, proveniente do sítio arqueológico de Troia de Setúbal. Deparei-me com ele, enquanto procedia à inventariação de parte do tesouro numismático descoberto nessa estação arqueológica. E ter conhecimento de que o império romano gozou de um período de paz, fosse por quanto tempo fosse, sob o reinado de Nero, foi um dos conhecimentos mais surpreendentes para mim.

Costumo contar esta história para ilustrar o interesse que a numismática tem, pois uma simples moeda pode ser lida e interpretada como um livro inteiro, devido à história ou histórias que pode contar.

Ex Panta Spirito


Paulo c. Alves

Título: Moeda de Nero

Autor: Paulo c. Alves (todos os textos)

Visitas: 22

638 

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Comentários     ( 1 )    recentes

  • Rita GravataRita Gravata

    10-09-2012 às 19:52:57

    Muito bem...:)

    ¬ Responder

Comentários - Moeda de Nero

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Ex-Machina e a máxima: cuidado ao mexer com os robôs.

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Texto escrito nos termos do novo acordo ortográfico.
Tema: DVD Filmes
Ex-Machina e a máxima: cuidado ao mexer com os robôs.\"Rua
Este texto irá falar sobre o filme Ex_Machina, nele podem e vão ocorrer Spoillers, então se ainda não viram o filme, vejam e voltem depois para lê-lo.

Impressões iniciais:

Ponto para o filme. Já que pela sinopse baixei a expectativa ao imaginar que era apenas mais um filme de robôs com complexo de Pinóquio, mas evidentemente que é muito mais que isso.

Desde as primeiras cenas é possível perceber que o filme tem algo de especial, pois não vemos uma cena de abertura com nenhuma perseguição, explosão ou ação sem propósito, típica em filmes hollywoodianos.
Mais um ponto, pois no geral o filme prende mais nos diálogos cerebrais do que na história em si, e isso é impressionante para o primeiro filme, como diretor, de Alex Garland (também roteirista do filme). O filme se mostrou eficiente em criar um ambiente de suspense, em um enredo, aparentemente sem vilões ou perigos, que prende o espectador.

Entrando um pouco no enredo, não é difícil imaginar que tem alguma coisa errada com Nathan Bateman (Oscar Isaac), que é o criador do android Ava (Alicia Vikander), pois ele vive isolado, está trabalhando num projeto de Inteligência Artificial secreto e quando o personagem orelha, Caleb Smith (Domhnall Gleeson), é introduzido no seu ambiente, o espectador fica esperando que em algum momento ele (Nathan) se mostrará como vilão. No entanto isso ocorre de uma forma bastante interessante no filme, logo chegaremos nela.

Falando um pouco da estética do filme, ponto para ele de novo, pois evita a grande cidade (comum nos filmes de FC) como foco e se concentra mais na casa de Nathan, que fica nas montanhas cercadas de florestas e bastante isolado. Logo de cara já é possível perceber que a estética foi pensada para ser lembrada, e não apenas um detalhe no filme. A pesar do ambiente ser isolado era preciso demonstras que os personagens estão em um mundo modernizado, por isso o cineasta opta por ousar na arquitetura da casa de Nathan.

A casa é nesses moldes novos onde a construção se mistura com o ambiente envolta. Usando artifícios como espelhos, muitas paredes de vidro, estruturas de madeira e rochas, dando a impressão de camuflagem para a mesma, coisa que os ambientalistas julgam favorável à natureza. Por dentro se pode ver de forma realista como podem ser as smart-house, não tenho certeza se o termo existe, mas cabe nesse exemplo. As paredes internas são cobertas com fibra ótica e trocam de cor, um efeito que além de estético ajuda a criar climas de suspense, pois há momentos onde ocorrem quedas de energia, então fica tudo vermelho e trancado.

O papel de Caleb á ajudar Nathan a testar a IA de AVA, mas com o desenrolar da história Nathan revela que o verdadeiro teste está em saber se Ava é capaz de “usar”, ou “se aproveitar” de Caleb, que se demonstra ser uma pessoa boa.

Caleb é o típico nerd introvertido, programador, sem amigos, sem família e sem namorada. Nathan também representa a evolução do nerd. O nerd nos dias de hoje. Por fora o cara é careca, barbudão com uns traços orientais (traços indianos, pois a Índia também fica no Oriente), bebê bastante e ao mesmo tempo malha e mantém uma dieta saudável pra compensar. E por dentro é um gênio da programação que criou, o google, o BlueBook, que é um sistema de busca muito eficiente.

Destaque para um diálogo sobre o BlueBook, onde Nathan fala para Caleb:
“Sabe, meus concorrentes estavam tão obcecados em sugar e ganhar dinheiro por meio de compras e mídia social. Achavam que ferramenta de pesquisa mapeava O QUE as pessoas pensavam. Mas na verdade eles eram um mapa de COMO as pessoas pensavam”.

Impulso. Resposta. Fluido. Imperfeição. Padronização. Caótico.

A questão filosófica vai além disso esbarrando no conceito de “vontade de potência”, de Nietzche, mas sobre isso não irei falar aqui, pois já há textos muito bons por aí.

Tem outra coisa que o filme me lembrou, que eu não sei se é referência ou se foi ocasional, mas o local onde Ava está presa e a forma como ela fica deitada num divã, e questiona se Caleb a observa por detrás das câmeras, lembra o filme “A pele que habito” de Almodóvar, um outro filme excelente que algum dia falarei por aqui.

Talvez seja uma versão “O endoesqueleto de metal e silicone que habito”, ou “O cérebro positrônico azul que habito”, mesmo assim não podia deixar de citar a cena por que é muito interessante.

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Jhon Erik Voese

Título:Ex-Machina e a máxima: cuidado ao mexer com os robôs.

Autor:Jhon Erik Voese(todos os textos)

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Comentários

  • Suassuna 11-09-2015 às 02:03:47

    Gostei do texto, irei conferir o filme.

    ¬ Responder
  • Jhon Erik VoeseJhon Erik Voese

    15-09-2015 às 15:51:02

    Que bom, obrigado! Espero que goste do filme também!

    ¬ Responder

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