Evangelho Segundo Jesus Cristo - José Saramago
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«Dürer usou toda uma simbologia para estruturar a gravura: do lado direito, os símbolos do bem: o sol, figura masculina, fonte de luz, que irradia luminosidade e calor, o Bom Ladrão, símbolo do arrependimento e de gozo celestial aguardado após a morte; do lado esquerdo, os símbolos do mal: a lua, figura feminina, fonte de escuridão, sinónimo de trevas, perversidade e apego às coisas terrenas e o Mau Ladrão, símbolo dos maus, dos que transgridem até mesmo na hora da morte, indo engrossar as hostes do diabo na outra visa».
É no segundo capítulo que José Saramago apresenta-nos José e Maria, um recente casal judeu da Galileia. Neste momento, o autor pretende demonstrar que esta madrugada é diferente, porque Jesus vai ser concebido. «José acordou em sobressalto, como se alguém, bruscamente, o tivesse sacudido pelo ombro», «Era costume, ao primeiro sinal destas alvoradas, responderem-se uns aos outros os galos da vizinhança, mas hoje ficaram calados, como se para eles a noite ainda não tivesse terminado ou mal tivesse começado.» e «José nunca vira um céu como este». Para mim, Saramago está a ironizar, e tem motivos para tal, pois são tantas as histórias maravilhosas que se contam de Jesus Cristo, que é impossível não imaginar a sua conceção como uma coisa igualmente fantástica. Esta descrição também não deve ter sido fácil de engolir.
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