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O Tempo e Eu

Categoria: Literatura
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O Tempo e Eu

Eu estava ali sentado numa cadeira velha no terraço daquele prédio, era aonde eu sempre ia depois de almoçar.

Era proibido subir naquela parte, mas eu fazia meus malabarismos e sempre chegava lá sem ser visto. Era uma hora e meia de almoço, eu gastava não mais que vinte minutos para engolir a comida. Tudo para sobrar mais tempo pra ficar ali, sem fazer nada, apenas olhando de cima a vida naquela imensa cidade passar. A sensação era que eu estivesse imune ao tempo, enquanto assistia tudo ser devorado por ele. E como passava rápido, quase tão rápido quanto meu horário de almoço.

Terminada a melhor hora do meu dia, eu descia para novamente cumprir minha obrigação de funcionário de um escritório de contabilidade no quinto andar. Um trabalho aparentemente bom para todos os funcionários de lá, pelo menos é o que eles demonstravam, só não era bom pra mim, que me conformava, porque aquilo era apenas mais um item na extensa lista de coisas que eu tinha que fazer por obrigação naquela minha desbotada vida.

Você deve estar se perguntando: O que um jovem de trinta e cinco anos está fazendo num emprego tão infeliz?

Como? Você não sabia que eu tinha trinta e cinco anos? Hein? Não foi você que perguntou?

Ah, deve ter sido meu inconsciente. É que estou tão acostumado a ser questionado sobre aquilo que não quero dividir com ninguém, que já fico na defensiva. Mas vou te situar melhor na minha realidade.

Meu nome é Louco, na verdade é meu apelido. Lou de Louis e Co de Conan. Louis Conan, daí Louco, o resto é coincidência.

Desde pequeno sempre fui diferente, tinha dificuldades nas coisas que todos tiravam de letra, inclusive viver socialmente. O meu time (tempo) era outro, gostava das pessoas, de fazer o que elas faziam, de me relacionar... Mas no meu tempo, não no tempo natural dos encontros e das relações. O que eu gostava a qualquer tempo era de ficar só. Isso sim, qualquer hora era hora.

Mas eu tinha uma vida social, era obrigado a ter, pela sociedade, pela família... E as pessoas acabavam nem percebendo que eu não estava inteiro ali, compravam facilmente a imagem que eu passava.

Na época de ir para a faculdade foi talvez o momento mais difícil. A ideia de escolher uma profissão pro resto da vida, me deixava desesperado, pra ser sincero tudo que deve ser pra sempre me causa desconforto. Não que as coisas não devam ser pra sempre, se for tudo bem, mas minhas decisões focam o agora. Eu não fazia ideia do que fazer nem pro agora nem pro futuro. Olhava de cima a baixo a lista dos cursos disponíveis, e nada me interessava.

Minha mãe e meu pai não entendiam que não era porque eu não queria, eles achavam que era birra, desobediência, preguiça, talvez até por comodidade eles pensassem assim, porque é certo que: É melhor ter um filho desobediente ou preguiçoso, que doente mental ou comportamental ou simplesmente estranho.

E vamos combinar que esta coisa de doença mental, quando leve, possível de vivencia em comunidade, é muito relativa. E cada um vê como lhe convém, num rico é uma personalidade exótica, num pobre é doidera, para os pais é desobediência, pros amigos jeito diferente de ser, pros inimigos, chatice... E assim por diante. Nem os próprios médicos falam a mesma língua, e como diz o ditado “de louco todo mundo tem um pouco”.

O fato é que eu me sentia desamparado, sozinho, sem rumo, e isto me fazia distanciar cada vez mais das pessoas. Mas a idade estava chegando tinha que dá um rumo na vida. E com algumas indicações consegui este trabalho, onde estou até hoje.

Hoje eu divido minha vida entre ele e a pintura, ah sim me esqueci de dizer, a única coisa que posso falar que sonho em trabalhar é pintando.

Descobri este talento ainda na infância, mas nunca passou pela minha cabeça que esta poderia ser minha profissão. Poucas pessoas sabiam deste meu talento e pra ser sincero nem eu sabia, gostava de pintar e pronto.

Só agora, aos 35 anos, sem uma faculdade, sem casa própria, sem um monte de coisa que torna um homem dono do próprio nariz me atentei para isto. E tenho medo de arriscar, apesar de meu trabalho não ser o do sonho, mas é ele que me possibilita a pagar as contas.
Até acho que tenho talento, mas talentos precisam ser trabalhados, desenvolvidos, apurados e até mesmo testados e isto seria facilmente feito aos dezesseis anos, mas agora preciso trabalhar e pintar nas horinhas vagas.

Daqui olhando os detalhes da vida, lá em baixo vejo tudo passando rápido, e não consigo identificar nada, é mais ou menos como na minha vida, ontem eu era adolescente, hoje sou um homem já adulto, mas tudo passou tão rápido que parece que não deu tempo de efetivar esta maturação.

Aqui do meu lado tem um jardim, umas plantinhas em vasos, que tira um pouco a aridez deste lugar, deixando-o mais gracioso. Assim é a pintura na minha vida, traz algum colorido para esta minha infértil vida. Por isto eu desejo tanto este momento todos os dias. Aqui não só olho o tempo passar, mas me inspiro e me fortaleço. É o meu momento comigo mesmo.

Não posso me culpar completamente por não ter uma vida da forma que desejo, pintei com as ferramentas que me deram, e vamos combinar que esta historia de que nossa vida é uma tela em branco, para construirmos o que quisermos é a maior bobagem que já ouvi. Nossa vida é uma tela predefinida cheia de marcas, já com cores, às vezes até deformada e mais não temos base corretiva para uniformizá-la. Na verdade temos que criar em cima de um desenho já começado, e sem material suficiente. Então criatividade é a palavra e aceitação também, porque nem tudo depende do autor.

Assim eu levo a minha vidinha, talvez o colorido, a vibração, a plenitude esteja apenas em meus sonhos, e esta é a forma que encontrei de me manter vivo e em pé. A cada dia esta tela fica mais marcada e usada e consequentemente mais difícil de construir um desenho como nos meus sonhos. Mas como meus sonhos fazem parte da minha vida, meu desenho até que terá bastante vida e bastante cor. Porque sonhar é o que sei fazer de melhor.


Meirilene Reis

Título: O Tempo e Eu

Autor: Meirilene Reis (todos os textos)

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Comentários     ( 2 )    recentes

  • Adriana SantosAdriana Santos

    22-01-2016 às 11:30:08

    Adorei!

    ¬ Responder
  • Meirilene ReisMeirilene Reis

    25-01-2016 às 10:19:55

    Obrigada. Que bom que gostou.

    ¬ Responder

Comentários - O Tempo e Eu

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A história da fotografia

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Tema: Fotografia
A história da fotografia\"Rua
A história e princípios básicos da fotografia e da câmara fotográfica remontam à Grécia Antiga, quando Aristóteles verificou que os raios de luz solar e com o uso de substâncias químicas, ao atravessarem um pequeno orifício, projetavam na parede de um quarto escuro a imagem do exterior. Este método recebeu o nome de câmara escura.

A primeira fotografia reconhecida foi uma imagem produzida em 1826 por Niepce. Esta fotografia foi feita com uma câmara e assente numa placa de estanho coberta com um derivado de petróleo, tendo estado exposta à luz solar por oito horas, esta encontra-se ainda hoje preservada.

Niepce e Louis –Jacques Mandé Daguerre inciaram em 1829 as suas pesquisas, sendo que dez anos depois foi oficializado o processo fotográfico o nome de daguerreótipo. Este processo consistia na utilização de duas placas, uma dourada e outra prateada, que uma vez expostas a vapores de iodo, formando uma pelicula de iodeto de prata sobre a mesma, ai era a luz que entrava na camara escura e o calor gerado pela luz que gravava a imagem/fotografia na placa, sendo usado vapor de mercúrio para fazer a revelação da imagem. Foi graças á investigação realizada por Friedrich Voigtlander e John F. Goddard em 1840, que os tempos de exposição e revelação foram encurtados.




Podemos dizer que o grande passo (não descurando muitas outras mentes brilhantes) foi dado por Richard Leach Maddox, que em 1871 fabricou as primeiras placas secas com gelatina, substituindo o colódio. Três anos depois, as emulsões começaram a ser lavadas com água corrente para eliminar resíduos.

A fotografia digital


Com o boom das novas tecnologias e com a capacidade de converter quase tudo que era analógico em digital, sendo a fotografia uma dessas mesmas áreas, podemos ver no início dos anos 90, um rápido crescimento de um novo mercado, a fotografia digital. Esta é o ideal para as mais diversas áreas do nosso dia a dia, seja a nível profissional ou pessoal.

As máquinas tornaram-se mais pequenas, mais leves e mais práticas, ideais para quem não teve formação na área e que não tem tempo para realizar a revelação de um rolo fotográfico, sem necessidade de impressão. Os melhores momentos da nossa vida podem agora ser partilhados rapidamente com os nossos amigos e familiares rapidamente usando a internet e sites sociais como o Facebook e o Twitter .

A primeira câmara digital começou a ser comercializada em 1990, pela Kodak. Num instante dominou o mercado e hoje tornou-se produto de consumo, substituindo quase por completo as tradicionais máquinas fotográficas.

Sendo que presentemente com o aparecimento do FullHD, já consegue comprar uma máquina com sensores digitais que lhe permitem, além de fazer fotografia, fazer vídeo em Alta-Definição, criando assim não só fotografias quase que perfeitas em quase todas as condições de luz bem como vídeo com uma qualidade até agora impossível no mercado do vídeo amador.

Tirar fotografias já é acessível a todos e como já não existe o limite que era imposto pelos rolos, “dispara-se” por tudo e por nada. Ter uma máquina fotográfica não é mais um luxo, até já existem máquinas disponíveis para as crianças. Muitas vezes uma fotografia vale mais que mil palavras e afinal marca um momento para mais tarde recordar.

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Título:A história da fotografia

Autor:Bruno Jorge(todos os textos)

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Comentários

  • Rua DireitaRua Direita

    05-05-2014 às 03:48:18

    Como é bom viver o hoje e saber da história da fotografia. Isso nos dá a ideia de como tudo evoluiu e como o mundo está melhor a cada dia produzindo fotos mais bonitas e com qualidade!

    ¬ Responder

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