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Como sobreviver a um dia na estrada

Texto escrito nos termos do novo acordo ortográfico.
Categoria: Música
Como sobreviver a um dia na estrada

O teu corpo terá que entranhar-se no carro. Entrarás lá dentro, literalmente, enquanto no rádio as ondas do micro áudio, aquele aparelho que te custou uma pipa de massa, saem repetidamente para entrarem dentro da tua vontade.

A ignição é puramente mental, a tecnologia está de tal maneira avançada que deixou de se utilizar qualquer chave para desvendar segredos ou apenas abrir qualquer coisa.

Sim, o mundo está diferente, a chave é simplesmente entenderes que o teu corpo tem de estar ligado ao desejo, à tua busca incessante pela felicidade, que nunca encontras.




Os filhos da noite deixaram as suas camas frias e amores perdidos para se entranharem nas estradas, refúgio da loucura do ser humano, sempre tão normal e tão idiota que se esquece que o espírito sem substância não tem gozo, seja ela feita de carne e osso ou de avantajadas convulsões vulcânicas. Sim, lava ardente a sair da montanha a ferver que depois de percorrer um caminho de imparável destruição repousará no horizonte, para sempre.

E então, entras no carro, já velho, e pensas que governas o mundo que ninguém te deixa desfrutar como deve ser. O corpo leva o seu tempo a ligar-se à máquina e a existência depende disso para conseguir distrair a mãe natureza. Depois de ligado, já podes fechar os olhos e até sonhar com aqueles velhos tempos em que as coisas eram feitas com gozo, em que era normal falhar e até pagar por isso, com a própria vida. Algo anormal pensares assim, porque não pretendo que fundas o metal com a carne e depois extraias prazer dessa união perversa.

Vais então para a estrada, enquanto as ondas sonoras do micro áudio te levam a outra dimensão, em que a crise é um modo mental de estar, com consequências nefastas para a carteira, um objeto sempre devastador quando vazio. Sentes esse vazio e passas a andar numa estrada movimentada, com serpentes venenosas com nariz a desviarem-se de tubarões com duas pernas, todos ao volante, despejando frustrações em cima de vidas que apenas vivem os seus cinco sentidos da forma mais simples possível. E apesar do perigo, consegues fugir ao acidente, às estatísticas da loucura e voltas ao teu mundo.

A viagem demora sempre o mesmo tempo, as filas não existem, deixaram de apitar e a paisagem é aquilo que tu queres que seja e consegues vibrar, viver uma vida numa simples ligação proporcionada por ondas sonoras que te atacam diretamente a vontade.


António Borges

Título: Como sobreviver a um dia na estrada

Autor: António Borges (todos os textos)

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Comentários - Como sobreviver a um dia na estrada

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Ex-Machina e a máxima: cuidado ao mexer com os robôs.

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Texto escrito nos termos do novo acordo ortográfico.
Tema: DVD Filmes
Ex-Machina e a máxima: cuidado ao mexer com os robôs.\"Rua
Este texto irá falar sobre o filme Ex_Machina, nele podem e vão ocorrer Spoillers, então se ainda não viram o filme, vejam e voltem depois para lê-lo.

Impressões iniciais:

Ponto para o filme. Já que pela sinopse baixei a expectativa ao imaginar que era apenas mais um filme de robôs com complexo de Pinóquio, mas evidentemente que é muito mais que isso.

Desde as primeiras cenas é possível perceber que o filme tem algo de especial, pois não vemos uma cena de abertura com nenhuma perseguição, explosão ou ação sem propósito, típica em filmes hollywoodianos.
Mais um ponto, pois no geral o filme prende mais nos diálogos cerebrais do que na história em si, e isso é impressionante para o primeiro filme, como diretor, de Alex Garland (também roteirista do filme). O filme se mostrou eficiente em criar um ambiente de suspense, em um enredo, aparentemente sem vilões ou perigos, que prende o espectador.

Entrando um pouco no enredo, não é difícil imaginar que tem alguma coisa errada com Nathan Bateman (Oscar Isaac), que é o criador do android Ava (Alicia Vikander), pois ele vive isolado, está trabalhando num projeto de Inteligência Artificial secreto e quando o personagem orelha, Caleb Smith (Domhnall Gleeson), é introduzido no seu ambiente, o espectador fica esperando que em algum momento ele (Nathan) se mostrará como vilão. No entanto isso ocorre de uma forma bastante interessante no filme, logo chegaremos nela.

Falando um pouco da estética do filme, ponto para ele de novo, pois evita a grande cidade (comum nos filmes de FC) como foco e se concentra mais na casa de Nathan, que fica nas montanhas cercadas de florestas e bastante isolado. Logo de cara já é possível perceber que a estética foi pensada para ser lembrada, e não apenas um detalhe no filme. A pesar do ambiente ser isolado era preciso demonstras que os personagens estão em um mundo modernizado, por isso o cineasta opta por ousar na arquitetura da casa de Nathan.

A casa é nesses moldes novos onde a construção se mistura com o ambiente envolta. Usando artifícios como espelhos, muitas paredes de vidro, estruturas de madeira e rochas, dando a impressão de camuflagem para a mesma, coisa que os ambientalistas julgam favorável à natureza. Por dentro se pode ver de forma realista como podem ser as smart-house, não tenho certeza se o termo existe, mas cabe nesse exemplo. As paredes internas são cobertas com fibra ótica e trocam de cor, um efeito que além de estético ajuda a criar climas de suspense, pois há momentos onde ocorrem quedas de energia, então fica tudo vermelho e trancado.

O papel de Caleb á ajudar Nathan a testar a IA de AVA, mas com o desenrolar da história Nathan revela que o verdadeiro teste está em saber se Ava é capaz de “usar”, ou “se aproveitar” de Caleb, que se demonstra ser uma pessoa boa.

Caleb é o típico nerd introvertido, programador, sem amigos, sem família e sem namorada. Nathan também representa a evolução do nerd. O nerd nos dias de hoje. Por fora o cara é careca, barbudão com uns traços orientais (traços indianos, pois a Índia também fica no Oriente), bebê bastante e ao mesmo tempo malha e mantém uma dieta saudável pra compensar. E por dentro é um gênio da programação que criou, o google, o BlueBook, que é um sistema de busca muito eficiente.

Destaque para um diálogo sobre o BlueBook, onde Nathan fala para Caleb:
“Sabe, meus concorrentes estavam tão obcecados em sugar e ganhar dinheiro por meio de compras e mídia social. Achavam que ferramenta de pesquisa mapeava O QUE as pessoas pensavam. Mas na verdade eles eram um mapa de COMO as pessoas pensavam”.

Impulso. Resposta. Fluido. Imperfeição. Padronização. Caótico.

A questão filosófica vai além disso esbarrando no conceito de “vontade de potência”, de Nietzche, mas sobre isso não irei falar aqui, pois já há textos muito bons por aí.

Tem outra coisa que o filme me lembrou, que eu não sei se é referência ou se foi ocasional, mas o local onde Ava está presa e a forma como ela fica deitada num divã, e questiona se Caleb a observa por detrás das câmeras, lembra o filme “A pele que habito” de Almodóvar, um outro filme excelente que algum dia falarei por aqui.

Talvez seja uma versão “O endoesqueleto de metal e silicone que habito”, ou “O cérebro positrônico azul que habito”, mesmo assim não podia deixar de citar a cena por que é muito interessante.

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Jhon Erik Voese

Título:Ex-Machina e a máxima: cuidado ao mexer com os robôs.

Autor:Jhon Erik Voese(todos os textos)

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Comentários

  • Suassuna 11-09-2015 às 02:03:47

    Gostei do texto, irei conferir o filme.

    ¬ Responder
  • Jhon Erik VoeseJhon Erik Voese

    15-09-2015 às 15:51:02

    Que bom, obrigado! Espero que goste do filme também!

    ¬ Responder

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