
Os talheres são, na sua génese, preciosos auxiliares da aselhice humana.
Quem espetaria com tanta precisão uma ervilha? E como não derramar parte da sopa na roupa? De que forma se mexiam os cozinhados? O que tentar enfiar na boca das crianças quando a cerram de modo impenetrável?
Talvez por falta de criatividade, ou porque fazem realmente jeito, os
talheres vieram para ficar.
Aliás, a maneira como se lhes pega é indicativa do glamour de alguém. Uma pessoa fina nunca segurará nos talheres pela parte inferior, e as damas até costumam levantar o dedo mindinho para reafirmar o sentido de finesse.
Contudo, a Humanidade sobreviveu durante largos milhares de anos sem estes apetrechos.
Pode dizer-se que os nossos antepassados tinham os garfos e as colheres nas mãos e as facas na boca.
Actualmente, parece que estamos a regressar às origens. A proliferação de
restaurantes de fast-food, que em algumas zonas quase atinge a progressão geométrica, leva a dispensar o uso de talheres.
Neste caso, porém, deve-se ao facto de a comida vir quase mastigada…
Mas se é certo que há alimentos que sabe bem petiscar à mão, como o frango assado, não é menos verdade que a maioria do que se ingere impõe o uso de talheres.
Sejam banhados a ouro, de prata ou de simples latão, o importante é socorrer-se de talheres para comer. E já agora, não dar garfadas (ou colheradas) no prato alheio…