A Psicologia Do Vestuário
Sabendo muito bem que as pessoas em geral julgam um homem pela sua maneira de vestir, fui logo procurar o meu alfaiate. Felizmente ele me conhecia há muitos anos e, assim, não me julgou pela roupa que eu vestia. Se o tivesse feito, creio que teria “naufragado”.
Eu tinha no bolso, por única fortuna, menos de um dólar trocado, e contudo consegui um crédito para três ternos dos mais caros que já tive. Pedi também que as roupas fossem feitas sem demora.
Felizmente tinha crédito junto ao meu alfaiate, e ele não me perguntou quando pagaria aquelas roupas tão caras. Sabia que eu podia pagar e pagaria num tempo determinado, mas estaria convencido disso? Era essa a ideia que me passava pela cabeça e eu tinha esperança de que a pergunta não fosse feita.
Em seguida comprei em outra casa três ternos mais baratos e um enxoval completo: as melhores camisas, colarinhos, gravatas e roupas brancas. Em menos de vinte e quatro horas estava livre da guerra e com um débito de 675 dólares.
Todas as manhãs eu me vestia bem e começava a passear pela mesma rua, precisamente à mesma hora. Acontece que era justamente a hora em que um rico editor costumava passar pela mesma rua, quando ia almoçar.
Observando-o com o canto do olho fui passando adiante, quando ele me fez parar no passeio da rua, pôs a mão no meu ombro e, olhando para mim da cabeça aos pés, exclamou: “Para um homem que acaba de deixar o uniforme, o senhor me parece muito próspero. Poder-se-ia saber quem fez os seus ternos?”
“Pois não, respondi eu, esse terno foi feito especialmente para mim pela casa Wilkie & Sellery.” Ele quis saber em que eu me ocupava. Aquele ar de prosperidade que eu mostrava, vestindo todos os dias um terno diferente, atraiu a sua curiosidade. E era justamente isso que eu queria.
Sacudindo as cinzas do Havana que fumava, respondi:
“Oh! Estou organizando uma nova revista que pretendo editar.”
“Uma nova revista? perguntou ele. E como se chama?”
“Chamar-se-á Hill’s Golden Rule”, respondi eu.
“Não se esqueça, tornou o meu amigo editor, que me encarrego de impressão e distribuição de revistas. Talvez lhe possa ser útil.” Chegava o momento esperado. E era justamente o que eu tinha em vista, quando comprei os ternos.
Contudo, vale a pena acentuar que essa conversa nunca teria tido lugar se o editor me tivesse visto na rua com uma roupa surrada; mostrando indícios de pobreza em todo meu aspecto.
Um ar de prosperidade sempre atrai a atenção e, ainda mais, uma “atenção favorável”, pois o desejo fundamental em todo o coração humano é prosperar. Meu novo amigo convidou-me a almoçar com ele, no seu clube. Antes de serem servidos o café e os charutos já ele me falara sobre o contrato para a impressão e distribuição da revista. E eu “consentira” em que ele fornecesse o capital, sem cobrar nenhum juro.
Naturalmente, para lançar uma nova revista é necessário um capital considerável que é sempre difícil obter, mesmo oferecendo as melhores garantias. O capital necessário para o lançamento do Hill‘s Golden Rule Magazine, que o leitor deve conhecer, ia além de 30 mil dólares e todos os cêntimos desses 30 mil dólares foram conseguidos principalmente devido à psicologia do vestuário.
A muitas pessoas pode parecer absurdo que um homem em péssimas condições financeiras começasse logo por fazer uma dívida de 675 dólares, somente em roupas, mas a psicologia que aí se encontra justifica-a plenamente.
A aparência de prosperidade não somente causa uma impressão favorável àqueles a quem se precisam pedir favores, como também tem um efeito sobre a própria pessoa.
Quanto a mim, eu não somente sabia que o fato de estar bem vestido impressiona favoravelmente os outros, como também sabia que isso produziria um estado de confiança em mim mesmo, sem o qual eu não poderia reconquistar a fortuna perdida.
- Napoleon Hill