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O Livreiro de Cabul

Categoria: Literatura
O Livreiro de Cabul

«O Livreiro de Cabul» narra a história de uma jornalista norueguesa, Asne Seierstad, correspondente de guerra no Afeganistão, responsável pela cobertura da ofensiva da Aliança do Norte contra os talibã. Precisamente em Cabul, esta profissional da informação conhece Sultan Khan, cujo verdadeiro nome é Shan Mahammad Rais, o mais notável livreiro do seu país, contando então com 30 anos no ramo da literatura. Seierstad viveu durante três meses em casa de Sultan Khan, onde pôde testemunhar de muito perto as condições em que vivem as famílias e mormente as mulheres afegãs.

Este livro, lançado em 2006, consubstancia o relato dessa convivência com o livreiro, a actual esposa (já que exilou a primeira no Afeganistão para desposar uma moça de 16 anos), cinco filhos e outros parentes, acomodados em apenas quatro divisões e partilhando pequenos prazeres, segredos, amores proibidos e desilusões colossais. Era obrigada a andar de burca e, se por um lado sentia a cabeça apertada e dificuldade em ver através da rede bordada, por outro tirou proveito do anonimato que a indumentária conferia, sendo-lhe possível deslocar-se em autocarros, mercados e outros espaços públicos de forma incógnita e assim entrosar-se no dia-a-dia do povo afegão, sentindo na pele o que significa ser mulher naquele mundo.

Khan havia sido interrogado e preso, mas resiste aos comunistas e aos talibã e tenta reconstruir a livraria derrubada por estes últimos, o que numa nação onde mais de metade da população é analfabeta pode considerar-se um contributo cultural ao país. Este homem aparentemente liberal é, no fundo, a imagem fiel do fundamentalista, tirano em casa, que age em nome de tradições que até os governantes já deixaram de impor. O objectivo da jornalista era mostrar uma faceta distinta da dos soldados, comandantes e vítimas directas da guerra, cujos depoimentos já tinha recolhido.

Ainda que não dominando o dialecto persa da família, alguns membros falavam inglês, o que permitiu a Asne Seierstad reunir relatos de infância, casamentos e reminiscências da guerra. Ainda assim, jamais ousou opinar em conflitos que presenciou, nem mesmo ao assistir à obrigatoriedade de o filho adolescente de Khan trabalhar 12 horas por dia, sendo-lhe vedado o acesso aos estudos.

A jornalista norueguesa, para além de dar conhecimento de um determinado número de situações através do seu livro, decidiu doar 200 mil dólares angariados com a respectiva venda para ajudar os afegãos, mediante a construção de uma escola para 600 meninas nos arredores de Cabul. O seu anfitrião daqueles três meses ainda ameaçou processá-la, mas depois resolveu optar por um contrato com um editor da Noruega que versava um livro com o título «Eu sou o Livreiro de Cabul». Humildade acima de tudo…


Maria Bijóias

Título: O Livreiro de Cabul

Autor: Maria Bijóias (todos os textos)

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Martelos e marrettas

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Tema: Ferramentas
Martelos e marrettas\"Rua
Os martelos e as marretas são, digamos assim, da mesma família. As marretas poderiam apelidar-se de “martelos com cauda”. Elas são bastante mais robustas e mantêm as devidas distâncias: o cabo é maior.

Ambos constituem, na sua génese, amplificadores de força destinados a converter o trabalho mecânico em energia cinética e pressão.

Com origem no latim medieval martellu, o martelo é um instrumento utilizado para “cacetear” objectos, com propósitos vários, pelo que o seu uso perpassa áreas como o Direito, a medicina, a carpintaria, a indústria pesada, a escultura, o desporto, as manifestações culturais, etcétera, variando, naturalmente, de formas, tamanhos e materiais de composição.

A diversidade dos martelos é, realmente, espantosa. O mascoto, por exemplo, é um martelo grande empregue no fabrico de moedas. Com a crise económica que assola o mundo actualmente, já se imaginam os governantes, a par dos banqueiros, de martelo em punho para que não falte nada às populações…

Há também o marrão que, mais do que o “papa-livros” que tira boas notas a tudo, constitui um grande martelo de ferro, adequado para partir pedra. Sempre poupa trabalho à pobre água mole…

O martelo de cozinha serve para amaciar carne. Daquela que se vai preparar, claro está, e não da de quem aparecer no entretanto para nos martelar a paciência…!

Já no âmbito desportivo, o lançamento do martelo representa uma das provas olímpicas, tendo sido recentemente adoptado na modalidade feminina. Imagine-se se, em vez do martelo, se lançasse a marreta… seria, certamente, mesmo sem juiz nem tribunal, a martelada que sentenciaria a sorte, ou melhor, o azar de alguém!

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Autor:Rua Direita(todos os textos)

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