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Medo de sentir

Categoria: Literatura
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Medo de sentir

Passamos o tempo a correr, sem pensar ou a pensar demais. Lembramo-nos de tudo, ou fingimos esquecer o que não queremos lembrar.

Tendemos a sentir demasiado, procurando razões para sorrir, com medo de chorar, em vez de, por outro lado, tomarmos consciência de que a própria vida nos devia fazer rir.

Esperamos por vezes, que as horas do dia passem, para que só tenhamos de pensar no que nos atormenta, no dia seguinte. Pensar dói, ser consciente destrói, e é essa a felicidade de poder sentir.

Perdemos as palavras em conflitos, passamos a vida a temer doenças, ou a pensar no que vamos fazer daqui a dez anos, com uma ansiedade desmedida, perdendo a modesta capacidade de apreciar as agradáveis nuances da própria vida.

Existe uma sensação consciente que nos prende e nos limita a pensamentos recalcados, a que damos o nome de passado, passado esse que deixou de ser presente, e mesmo assim prende-nos com correntes que insistimos em carregar na passagem dos dias.

Vivemos como se a vida não fosse finita, e deixamos coisas por dizer, por fazer, por realizar, sempre com medo de sentir, aquilo que naturalmente estamos preparados para sentir – a dor.

Ao avistarmos a dor, a ameaça, agimos como biologicamente estamos preparados para agir – ou atacamos, ou fugimos.

Em determinados momentos, atacamos as pessoas, em outros, fugimos delas para evitar a dor, que nos provocam devido a uma errada ou ausente comunicação. As pessoas tremem os músculos, e dilatam as pupilas, quando pensam no fim do mundo, no dinheiro, nos próprios arquétipos e complexos, preocupando-se simplesmente por satisfazer a sua homeostase e as suas necessidades secundárias, sem a real noção de que estamos dependentes do satisfatório funcionamento do próprio corpo, e que somos prisioneiros deste.

No final da meia idade, começamos a pensar realmente nisto. As coisas que tivemos oportunidade de fazer, o que fizemos, o crescimento dos filhos, e consoante o nosso comportamento ao longo da vida, estamos ou não sozinhos.

Nesta fase, começamos a fazer aquilo que gostaríamos de ter feito toda a vida. Por vezes pintar, andar de avião ou escrever um livro.

Pensamos serenamente nas coisas que deixamos por dizer, por fazer ou realizar e fazemos uma pequena revisão da nossa vida, revendo-nos nos outros.

Lembramos com um sorriso aquele amigo ou irmão chato com quem passamos meia vida a discutir, e nunca lhe dissemos realmente, como gostamos dele.

O tempo passa, e os pais já não estão presentes, assim como algumas pessoas com quem lidávamos diariamente. Alguns familiares estão longe e não lhes telefonamos porque eles também não nos telefonam, e vice-versa.
Ficamos então, reduzidos a um sofá encostado na sala silenciosa e vazia, com pó onde já não conseguimos chegar, ou não temos coragem de tentar.

Assim que, nos apercebemos do término da vida, queremos avisar as pessoas, e sentamo-nos num banco do jardim à espera que alguém repare em nós, ou se preocupe conosco. Mas, somos apenas velhos, e os velhos não se vêem, já não servem para nada.

Finalmente, sem mais medo daquilo que toda a vida se temeu, e com real consciência da finidade da vida, deitamo-nos calmamente na cama, à espera que, no meio dos pensamentos, das recordações e do tanto por dizer ou fazer, os olhos se fechem, e a jornada termine.


Joana Mendes

Título: Medo de sentir

Autor: Joana Mendes (todos os textos)

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Um caminho para curar o transtorno alimentar

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Tema: Saúde
Um caminho para curar o transtorno alimentar\"Rua
De acordo com um relatório divulgado em novembro de 2014 pelo Comitê Permanente sobre o Status da Mulher, entre 600 mil a um milhão de canadenses cumprem os critérios diagnósticos para um transtorno alimentar em um dado momento. Problemas de saúde mental com ramificações físicas graves, anorexia e bulimia são difíceis de tratar.

Os programas públicos de internação frequentemente não admitem pacientes até que estejam em condição de risco de vida, e muitos respondem mal à abordagem em grupo. As clínicas privadas costumam ter listas de espera épicas e custos altos: um quarto custa de US$ 305 a US$ 360 por dia.


Corinne lutou juntamente com seus pais contra a bulimia e anorexia por mais de cinco anos. Duffy e Terry, pais de Corinne, encontraram uma clínica na Virgínia. Hoje, aos 24 anos, ela é saudável e está cursando mestrado em Colorado. Ela e seus pais acreditam que a abordagem holística, o foco individualizado e a estrutura imersiva de seu tratamento foram fundamentais para sua recuperação.

Eles sabem que tinham acesso a recursos exclusivos. "Tivemos sorte", diz Duffy. "Podíamos pagar por tudo." Mas muitos não podem.
A luta desta família levou-os a refletir sobre o problema nos Estados Unidos. Em 2013, eles fundaram a Water Stone Clinic, um centro privado de transtornos alimentares em Toronto. Eles fazem yoga, terapia de arte e participam na preparação de refeições, construindo habilidades na vida real com uma equipe de apoio empática. Os programas funcionam nos dias da semana das 8h às 14h, e até agora, não tem lista de espera. Porém essa abordagem é onerosa: aproximadamente US$ 650 por dia.

A família criou a Fundação Water Stone - uma instituição de caridade que fornece ajuda a pacientes que não podem pagar o tratamento. Os candidatos são avaliados por dois comitês que tomam uma decisão baseada na necessidade clínica e financeira. David Choo Chong foi o primeiro a se beneficiar da fundação. Ele havia tentado muitos programas, mas nenhum foi bem sucedido. A fundação pagou metade do tratamento. Dois anos depois, Choo Chong, feliz e estável diz "Water Stone me ajudou a encontrar quem eu sou".

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Roberta Darc

Título:Um caminho para curar o transtorno alimentar

Autor:Roberta Darc(todos os textos)

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