Em Busca da Felicidade
Categoria: Literatura
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A felicidade constitui, sem dúvida, o objectivo mais ansiado por todo o ser humano e em cuja busca assenta o estudo, o matrimónio, o trabalho, as férias e tudo o que compõe a vida. A questão, para lá da evidente subjectividade que o conceito sugere, é o que realmente se faz pela tão almejada felicidade e, já agora, aquilo que se permite destruí-la. Na verdade, por vezes é preciso muito pouco para que esse prazeiroso “inexprimível nada” (concepção de um poeta italiano) seja barbaramente violado.
Definir a felicidade revela-se, à semelhança do que acontece com a generalidade dos termos positivos, substancialmente mais difícil do que fazê-lo relativamente ao seu oposto. Parece que é sempre mais simples dizer o que uma coisa não é do que o que é! Ainda assim, dez autores de língua portuguesa reuniram esforços, ideias e experiências e compilaram nas 144 páginas do livro «Em Busca da Felicidade», reimpresso em 2009 pelas edições Dom Quixote, dez contos inéditos acerca da felicidade, sendo oito deles realmente recentes.
Esta obra contou com a colaboração de três vencedores do Prémio Saramago e de outros nomes sonantes da literatura. Valter Hugo Mãe é, sem dúvida, a grande presença desta colectânea. A sua narrativa incide, como aliás já é hábito, num contexto rural e profundo, tendo, desta feita, como protagonista um sujeito que se envolve com mulheres casadas até as fazer viúvas e depois as deixa. A fábula de Maria do Rosário Pedreira aproxima-se bastante desta espécie de maldição sexual que recai sobre amores libertinos, enquanto Maria Antonieta Preto envereda por algo mais chegado à realidade com um toque de magia.
Maria Dulce Cardoso apresenta uma pequena história de um casal em tempo de descanso, em que nada de espacial ocorre, irrompendo a felicidade como significação de beleza, e de beleza como um estado de espírito de plenitude. Não obstante, a fragilidade deste tipo de pseudo-felicidade é passível de ser abalado por um simples insecto!
José Luís Peixoto antevê a felicidade sexual de um casal antes da consumação do que quer que fosse, sendo o sentimentalismo e o engenho as balizas do programa contido no seu texto.
João Tordo ostenta um estilo mais jornalístico, relatando um caso de tirania racial investigado por um português em Londres. Como não apela ao coração, é pouco envolvente.
Ondjaki imprime uma marca africana, onde os cheiros são componente fundamental (não apenas dos cenários mas também do desejável entrosamento do leitor no contexto) que descrevem, só por si, ambientes, elementos, pessoas e objectos. Pepetela, por seu turno, aporta uma trama revanchista incluindo autores angolanos no exílio.
Lídia Jorge conta a descoberta do cristianismo por duas crianças que não admitem que o Menino deitado nas palhas seja a mesma Pessoa que se vê pregada numa cruz. Inspiradas pela ingenuidade, as crianças fazem desaparecer uma imagem religiosa de grande valor. Lídia Jorge parte de uma suposta memória infantil para diferençar o que no cristianismo é bondade do que é sofrimento (ao contrário de Patrícia Reis, que de forma mais infeliz coloca Deus como personagem). Trata-se de uma ideia de felicidade no âmbito de uma ilusão infantil.
Definir a felicidade revela-se, à semelhança do que acontece com a generalidade dos termos positivos, substancialmente mais difícil do que fazê-lo relativamente ao seu oposto. Parece que é sempre mais simples dizer o que uma coisa não é do que o que é! Ainda assim, dez autores de língua portuguesa reuniram esforços, ideias e experiências e compilaram nas 144 páginas do livro «Em Busca da Felicidade», reimpresso em 2009 pelas edições Dom Quixote, dez contos inéditos acerca da felicidade, sendo oito deles realmente recentes.
Esta obra contou com a colaboração de três vencedores do Prémio Saramago e de outros nomes sonantes da literatura. Valter Hugo Mãe é, sem dúvida, a grande presença desta colectânea. A sua narrativa incide, como aliás já é hábito, num contexto rural e profundo, tendo, desta feita, como protagonista um sujeito que se envolve com mulheres casadas até as fazer viúvas e depois as deixa. A fábula de Maria do Rosário Pedreira aproxima-se bastante desta espécie de maldição sexual que recai sobre amores libertinos, enquanto Maria Antonieta Preto envereda por algo mais chegado à realidade com um toque de magia.
Maria Dulce Cardoso apresenta uma pequena história de um casal em tempo de descanso, em que nada de espacial ocorre, irrompendo a felicidade como significação de beleza, e de beleza como um estado de espírito de plenitude. Não obstante, a fragilidade deste tipo de pseudo-felicidade é passível de ser abalado por um simples insecto!
José Luís Peixoto antevê a felicidade sexual de um casal antes da consumação do que quer que fosse, sendo o sentimentalismo e o engenho as balizas do programa contido no seu texto.
João Tordo ostenta um estilo mais jornalístico, relatando um caso de tirania racial investigado por um português em Londres. Como não apela ao coração, é pouco envolvente.
Lídia Jorge conta a descoberta do cristianismo por duas crianças que não admitem que o Menino deitado nas palhas seja a mesma Pessoa que se vê pregada numa cruz. Inspiradas pela ingenuidade, as crianças fazem desaparecer uma imagem religiosa de grande valor. Lídia Jorge parte de uma suposta memória infantil para diferençar o que no cristianismo é bondade do que é sofrimento (ao contrário de Patrícia Reis, que de forma mais infeliz coloca Deus como personagem). Trata-se de uma ideia de felicidade no âmbito de uma ilusão infantil.